Inspirado no evento norte-americano que sucede o Dia de Ação de Graças nos Estados Unidos, o famoso “Black Friday” já é parte importante do calendário de vendas do comércio brasileiro, além de ser considerada uma data valiosa para o faturamento das empresas. “Ela acelera a queima de estoques antigos e promove a renovação de mercadorias para serem comercializadas no Natal”, afirma o presidente do Sistema Fecomércio-DF, José Aparecido Freire. No entanto, este ano, alguns lojistas da capital não tiveram os resultados esperados.
Segundo o Instituto, a estimativa era que a data injetasse cerca de 147 milhões na economia do DF, e desse início à temporada de compras natalinas. Era isso que Tatiane Moreira, empresária no setor de festas, esperava, mas as vendas não atingiram o resultado desejado. “Vejo que as pessoas estão tão endividadas que estão suprimindo seus desejos de compra”, acredita a dona da “Arranjô Casa e Festa”, em Planaltina DF. “Em nosso relacionamento com o cliente, percebemos claramente o desejo, o interesse, mas a falta de limite financeiro os faz desistir… Eles falam: eu queria tanto, mas tô tão apertado, mês que vem consigo nesse valor?”, relata a empresária.
Pensando nas festas de fim de ano, Tatiane ofereceu 40% de desconto em seu produto considerado “carro chefe”, a mesa de decoração. Mas, diante da escassez nas vendas, ela decidiu estender até o próximo dia 30, na expectativa de aumentar seus números. “No ano anterior foi bem melhor, e isso vejo no decorrer de todo o ano. 2023 foi completamente diferente de todos os outros”, comenta. “Essa Black tem me mostrado que o cliente tem estado mais consciente e responsável, efetivo em suas decisões”, finalizou a lojista.
Quem também investiu em bons descontos como forma de atrair o público foi Milton Santiago, responsável pelo Black Prime Café. Ele ofertou cafés especiais em grãos e moído, utensílios domésticos como cafeteiras francesas, Italianas, chaleiras e filtros, e máquinas e equipamentos para fazer café a preços acessíveis, mas, mesmo assim, os ganhos foram menores que nos anos anteriores. “Foram cerca de 10% a menos que em 2022”, considera o comerciante. “Pretendo, no ano que vem, testar novas estratégias como, por exemplo, o investimento nas vendas online”, revela Milton.
Roupa nova? Por enquanto não. Usada… talvez
As roupas novas para passar o natal e o ano novo também ficaram para o mês que vem. O setor de vestuário, considerado um dos segmentos mais pesquisados pelo consumidor nesta época do ano, também não apresentou grandes ganhos. Eleni Costa trabalha com calçados femininos e conta que as suas vendas também não foram boas. “Ofereci até 80% de desconto em sapatos e bolsas e, mesmo assim, as vendas não foram como eu queria. Fizemos ótima divulgação, mas mesmo assim os resultados foram abaixo da média”, compartilha a empresária.
Eleni é adepta da Black Friday e participa do evento todos os anos, mas esse foi o menos lucrativo. “Os ganhos foram bem menores que em 2022, e isso me ensinou que cada ano temos que usar estratégias diferentes”, acredita a empreendedora. “O comércio muda sempre, e agora eu vou estudar mais para o ano que vem, procurar novas estratégias e formas de atingir melhores números”, finaliza a dona da loja localizada no JK Shopping.
Há, contudo, exceções. No meio de tantas decepções, Bethânia Mayara, idealizadora do brechó B ao Quadrado, contou que os números não foram de todo mal. “Esse ano tivemos a estratégia de colocar a black nos dias 24 e 25, ao invés de diluí-la durante o mês. Dentro do planejado e das expectativas geradas, tivemos sucesso e batemos as metas”, comentou a brasiliense de 24 anos.
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