A região que tem o 3º maior número de registros da Covid-19
no DF, Samambaia (com mais de 7 mil casos), é o local de trabalho do enfermeiro
Ferdinan Lago há quase nove anos. Ele conta que já houve problemas com EPIs.
"Nós temos
equipamentos de proteção, mas já recebemos alguns de qualidade muito
inferior, [como] máscaras de três camadas transparentes. Esses dias houve
recolhimento de máscaras N95, a de maior proteção, sem justificativa. Esse
fator de incerteza não nos deixa muito seguros”, desabafa.
O enfermeiro, de 34
anos, conta que atende pacientes que moram "em área bem vulnerável
financeiramente", principalmente na área de expansão (antiga invasão) em
Samambaia.
“Acredito que o papel do enfermeiro nessa linha de frente é essencial,
tanto no que tange a população, quanto a equipe, darmos apoio aos colegas, já
que o estresse mental é enorme, e nós, da atenção primária, temos esse papel de
educação em saúde nem sempre valorizado”, afirma.
Ferdinan
diz que ajuda a explicar o tratamento disponível aos pacientes.
"Percebemos que muitas vezes a população não sabe lidar com a informação.
Acabam acreditando em tratamentos que não funcionam. Fazemos nosso papel de
explicar qual o tratamento disponível e seguro no momento", afirma.
Na vida pessoal, o enfermeiro, que mora sozinho, afirma
que precisou deixar o hábito de visitar a mãe. "O máximo que faço é ir de
máscara, deixar algo lá que ela ou meus irmãos precisem. Mesmo ela pedindo pra
entrar, sabemos o quão arriscado pode ser esse contato", diz ele.
O cuidado é devido ao contato direto com os pacientes.
Ferdinan faz coletas de mucosa nasal para o exame RT-PCR, de diagnóstico da Covid-19. São pelo menos
10 horas por semana nessa função. "Sem dúvidas, o mês de julho foi o com
maior procura", relata.
“Os casos de
suspeita de Covid-19 aumentam exponencialmente. Os atendimentos que, em março,
eram 5 num dia viraram, muitas vezes, 30 atendimentos apenas numa manhã ou
tarde”, conta o enfermeiro.
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