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Por falta de sedativo, enfermeiro morre esperando entubação




Sem estrutura adequada, nenhum dos dois centros de saúde abertos exclusivamente em Macapá para cuidar de doentes com covid foram capazes de salvar a vida do enfermeiro Evandro da Silva Costa, de 42 anos. Ele começou a sentir os sintomas da doença em 13 de maio e procurou assistência no Hospital de Clínicas da cidade, onde trabalhava e conhecia a equipe. A unidade, porém, não era referência para pacientes com infecção pelo coronavírus e, por isso, a equipe médica preferiu transferi-lo para o Centro Covid-2, uma das estruturas abertas exclusivamente para a pandemia.

Costa foi internado no local em 14 de maio, mas a unidade ainda não estava totalmente equipada para os casos mais graves. “Apesar de ser centro de referência, não estava operando integralmente por falta de uma retaguarda de medicamentos e profissionais. Naquele dia, ele me mandou mensagem dizendo que estava jogado lá, que não tinha recebido alimentação nem remédios. E ele estava piorando”, conta o advogado Amerson Maramalde, de 42 anos, amigo de Costa.
Na manhã de 15 de maio, Costa deixou de responder mensagens dos amigos e familiares porque seu celular descarregou. Preocupado, Maramalde pediu a um profissional do Samu que estava no hospital para checar o estado de saúde dele. “Ele me disse que o Evandro estava extremamente ofegante, com saturação de 47%. Então começamos a ver a possibilidade de transferência para o Centro Covid-1, que tinha mais estrutura”, conta.
Maramalde e os demais amigos de Costa, a maioria profissionais de saúde, verificaram se havia vaga na outra unidade. Os médicos informaram que tinham leito disponível, mas que os sedativos, anestésicos e relaxantes musculares usados no processo de entubação estavam em falta. “Eles disseram que, contanto que a gente conseguisse os medicamentos, eles internavam”, conta.

Familiares e colegas iniciaram, então, uma força-tarefa para conseguir os insumos. Falaram com conhecidos em outros hospitais que pudessem fornecer os remédios. “Quando deu 17h30 daquele mesmo dia, conseguimos os medicamentos e a bomba de infusão. Confirmei com o médico do Centro Covid-1 a transferência, mas aí recebemos a informação que ele tinha falecido”, conta o advogado, que representa a família de Costa em ação movida contra o Estado do Amapá por negligência.

O enfermeiro deixou mulher, dois filhos, uma enteada e uma neta. “Era diabético, hipertenso, já chegou ao primeiro hospital ofegante. Era pra ter sido colocado na UTI de imediato. Ele não foi vítima só do vírus. Foi vítima de negligência pela falta dos medicamentos”, afirma Maramalde.


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