“A gente já inicia a rotina de trabalho com medo. Qualquer passageiro que sobe é suspeito, com o carro cheio ou vazio. A situação é caótica e a sensação é de não saber se voltamos para casa vivos”. O relato do motorista, assaltado dez vezes em um ano, ilustra a realidade de desesperança dos rodoviários de Samambaia. O profissional trabalha na linha que faz Samambaia Norte - Ceilândia.
“Todo mundo sabe que essa é a mais perigosa. Muitos passageiros preferem evitar esse carro porque tem todo um histórico de insegurança de assaltos”, lamenta o motorista. Para ele, isso acontece porque é a linha com mais veículos disponíveis e as estações ao longo do trajeto que segue para Ceilândia.
Nas contas do Sindicato do Rodoviários, o número de assaltos já é superior a 2.800 desde o início deste ano. Tony Nascimento, funcionário do Sindicato, denuncia o desencontro dos números de registro apresentados pela Secretaria de Defesa Social. “Quando a gente vai confrontar com os números do governo, eles não batem. Para eles, o número de assaltos está chegando a mil agora, mas nós já registramos mais de 2.700 ocorrências. A gente vai ao local onde acontecem os assaltos para fazer a contagem”, relata.
Já a Secretaria de Defesa Social (SDS), informou por meio de nota que "reformulou a Força-Tarefa de assalto a ônibus, ampliando as equipes, intensificando as investigações e abordagens a coletivos. Somente em 2017, cerca de 150 praticantes desse tipo de crime foram presos e retirados de circulação. Esse número seria maior, além da prevenção, se as empresas concessionárias tivessem mais agilidade na implantação de câmeras de alta resolução em toda a frota de ônibus em Samambaia, auxiliando o trabalho das polícias, e medidas de segurança que tornem essa prática menos atrativa para os bandidos. Nesse sentido, o sindicato dos rodoviários pode ser um parceiro da segurança pública, fazendo esse diálogo".
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