Avó de Jessyka quebra o silêncio: “Agora, ela está livre dele”


O quarto de Jessyka Laynara da Silva Souza, 25 anos, está do mesmo jeito que ela deixou. Nada foi mexido. É a forma que a avó, a aposentada Madalena Honorata da Silva, 77, encontrou para preservar cada lembrança da neta brutalmente assassinada pelo ex-noivo na tarde de sexta-feira (4/5). “Sinto falta de tudo relacionado a ela. Era minha filha, minha companheira”, disse, em entrevista exclusiva ao Metrópoles.

Madalena criou Jessyka desde que a neta tinha 2 anos de idade. Elas moravam na QNO 15 de Ceilândia. Na tarde de sexta (4), a aposentada disse que estava no quarto quando escutou o soldado da Polícia Militar Ronan Menezes, 27, chamando pela jovem. Em seguida, testemunhou o primeiro tiro disparado pelo rapaz contra Jessyka. Assustada, Madalena correu. “Ela [a vítima] tentou se esconder no banheiro, mas não conseguiu”, lamenta a avó.

Desde então, a idosa evita ficar o tempo todo em casa. Tem procurado se distrair um pouco e sair, mas a dor e a saudade são enormes. “Ela era carinhosa demais. Me ajudava, fazia tudo por mim”, diz. A alegria de Jessyka faz falta. A menina era sempre muito preocupada com avó. Tanto é que promoveu uma rifa para reformar a casa de Madalena.
Como gostava de filmar e registrar cada momento, fez um vídeo do sorteio da rifa que ajudaria a avó. “Ela fazia tudo por mim”, afirma Madalena. Mas coração de mãe não se engana. Segundo a aposentada, estava sentindo algo ruim há alguns dias. “Pedi para ela viajar e se livrar dele [Ronan]. Eles iam e voltavam e eu falava: ‘Minha filha, isso não vai dar certo’. Mas, agora, ela está livre dele, está com Deus”, comentou.

Durante a conversa, Madalena evitou falar de Ronan. Quando perguntada, só disse que não gostava do policial. “Sentia algo ruim” vindo do rapaz com quem a neta se relacionou por seis anos.
Depois da morte da jovem, os familiares de Jessyka souberam que Ronan a espancou violentamente no dia 14 de abril. Em áudio encaminhado a uma amiga, a moça confidenciou a barbárie. Enciumado com uma mensagem que ela havia recebido, o rapaz se transformou e mostrou a sua face mais violenta. Passou a agredir Jessyka, após ela impedir que ele mexesse em seu celular. Mas, com pena do militar, a moça nada relatou à família. Tentava disfarçar os roxos na pele com maquiagem. “Nunca apanhei tanto“, disse.
Assim que os pais de Ronan chegaram à residência, levaram Jessyka à UPA, mas, no meio do caminho, a jovem disse que já estava bem. “Não consigo ter raiva dele mesmo assim, amiga. Do jeito que ele está, sinto dó. Não vou à delegacia para pagar o mal com o mal”, afirmou.
Depois de agredir a ex-noiva, Ronan alegou estar arrependido. Chorava, dizia que estava tentando mudar e inclusive passou a frequentar um psicólogo. Na mensagem, Jessyka disse que amava o PM. “Mas, amiga, traição eu até poderia perdoar, mas sempre disse que, se um dia ele me encostasse a mão, não ia aceitar. Não sei o que fazer. Queria sua opinião”, destacou a jovem. O caso não foi denunciado. Porém, Jessyka terminou o relacionamento. Achou que assim estaria livre do policial. Acabou morta por ele.
O professor da academia Pedro Henrique da Silva Torres, 29, também foi baleado por Ronan. O rapaz estava conhecendo melhor Jessyka e levou três tiros. Está se recuperando de uma cirurgia no Hospital Regional de Samambaia. O soldado está preso e, segundo a corporação, será expulso da Polícia Militar.

FONTE: METROPOLES
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