Sem ajuda do FGTS, famílias parcelam comida e gasolina no cartão

O fôlego conseguido pelas famílias com a liberação dos recursos de contas inativas do Fundo de Garantia do Tempo de Serviço (FGTS) parece ter chegado ao fim. Desde o início deste mês, aumentou, consideravelmente, nos supermercados e nos postos de combustíveis o parcelamento de compras de alimentos e do abastecimento do carro.


Segundo gerentes de vários estabelecimentos comerciais, as famílias voltaram a recorrer muito ao parcelamento no cartão de crédito. As faturas estão sendo divididas em até três vezes sem juros. Muitas alegam que tinham conseguido um alívio importante no orçamento, mas, agora, estão com dificuldades para fechar as contas do mês.
Os comerciantes alegam que, normalmente, as famílias não gostam muito de dividir as compras de comida e de gasolina no cartão, pois temem se endividar demais. Preferem pagar em dinheiro ou em uma única vez no cartão. O parcelamento só ocorre quando está faltando dinheiro ao longo do mês. Um mau sinal.

“Infelizmente, depois de uma ligeira melhora no orçamento, voltei a ficar apertada. Recebi quase R$ 3 mil do FGTS, paguei parte das minhas dívidas, mas, pelo visto, foi um alívio momentâneo”, diz a comerciária Maria Conceição Silva, 51 anos. “Isso só mostra que alegria de pobre dura pouco”, acrescenta.

Para se acompanhar 
Na avaliação do economista Rafael Cardoso, da Daycoval Investimentos, no geral, o endividamento das famílias melhorou. Tanto que os números do Banco Central indicam que o comprometimento da renda dos trabalhadores com o pagamento de juros está em 21,1%, o nível mais baixo desde 2011.

“Essa divisão de compras de alimentos e de combustíveis precisa ser acompanhada com cuidado. A princípio, os números apontam para a redução do endividamento das famílias. Pode ser um movimento pontual”, afirma. Para ele, com a queda da inflação e dos juros e os saques de contas inativas do FGTS. o orçamento das famílias melhorou.

Pelos dados do BC, asa famílias devem R$ 1,598 trilhão ao sistema financeiro. Esse saldo devedor incluem as prestações da casa própria. No ano, até julho, os débitos aumentaram 2,4%. Esse crescimento se deve, basicamente, à incorporação dos juros.
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