Segundo as equipes, a informação do corte da gasolina e do álcool começou a correr pela Secretaria de Saúde ainda na noite de domingo, dia 17. Pela manhã de ontem (18), postos de gasolina não permitiram o abastecimento, a despeito do risco de atraso no atendimento de feridos e doentes.
Quando os primeiros veículos não conseguiram completar os tanques, ainda pelas primeiras horas da manhã, o caso despertou revolta em toda a pasta. Nas bombas de abastecimento, frentistas alertavam servidores que o abastecimento sem o aval da secretaria não poderia ser reembolsado futuramente. Além disso, há um entendimento administrativo dentro do governo que proíbe os trabalhadores de tirardinheiro do próprio bolso para abastecer veículos, mesmo os destinados ao resgate de vidas.
A polêmica correu solta dentro da secretaria, pois os gestores da pasta negavam a ordem para não abastecer as ambulâncias. No entanto, na ponta os servidores ouviam as negativas dos postos e dos setores do governo responsáveis pelo pagamento do combustível.
Segundo os servidores, a situação só foi normalizada por volta das 14h, em função da pressão constante de médicos, enfermeiros, técnicos de enfermagem e motoristas preocupados com a eventual demora nos atendimentos.
Segundo os servidores, a situação só foi normalizada por volta das 14h, em função da pressão constante de médicos, enfermeiros, técnicos de enfermagem e motoristas preocupados com a eventual demora nos atendimentos.
Servidores relatam que o desabastecimento dos veículos tem se tornado um problema frequente, afetando não apenas o Samu, mas também as demais ambulâncias da rede pública. No primeiro semestre deste ano, trabalhadores contam que houve uma interrupção do pagamento de combustível por cinco dias consecutivos. Foram dias complicados, nos quais servidores precisaram fazer rodízio interno de veículos e até transferir combustível entre ambulâncias.
O drama do Samu é ainda mais agudo, pois o serviço exige mais movimentação e celeridade. Por isso, logicamente, consome muito mais combustível. Além das ambulâncias, o Samu também conta com motos. Mais ágeis e rápidas são uma opção para garantir o atendimento célere. Sem tanque cheio, não podem sair do lugar.
Transferências provocam queixas
O desabastecimento é apenas mais um capítulo no calvário do Samu. Do ponto de vista dos servidores, o serviço que até 2014 era referência para todo Brasil, hoje está sucateado. Além da falta de equipamentos, os trabalhadores criticam a mudança de atribuições do Samu feita na semana passada pelo governo, na qual parte de equipe será obrigada a trabalhar no Complexo Regulador, que organiza o fluxo e controle de pacientes, exames e insumos. Amanhã, os servidores, junto com o Conselho de Saúde do DF pretendem protestar e buscar apoio do Ministério Público do DF e Territórios (MPDFT).
Segundo o relato da categoria, o Tribunal de Contas do DF (TCDF) identificou duas questões. Em primeiro lugar, o Samu precisava ser fortalecido transformando-se em uma Unidade de Referência Distrital (URD). Desta forma teria mais autonomia administrativa, de recursos e pessoal. Em segundo, era preciso fortalecer a Complexo Regulador. O ideal seria transformar o serviço também em URD.
No entanto, o governo fortaleceu apenas o Complexo, submetendo parte da equipe do Samu e não criando de fato nenhuma URD. Ou seja, nem mesmo responde efetivamente às recomendações do TCDF. A mudança está gerando um forte desgaste entre os servidores. Muitos gastaram anos em busca da formação adequada para o resgate de enfermos e agora correm o risco de trabalhar apenas com atividades administrativas. Para a categoria, o GDF se movimenta para tentar terceirizar o serviço.
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