É embaixo de viadutos, ruas e casas abandonadas em Samambaia, que fica o Buraco do Rato. Lá, há pessoas que, apesar do nome, perderam a identidade. Nem se reconhecem mais. Deixaram as suas casas pelas drogas. Abandonaram o emprego, venderam o que tinham. Em meio à sujeira, sobrevivem com o pouco que restou. São mulheres e homens; jovens e idosos; negros e brancos. Quem antes morava na Asa Sul, em Samambaia e em Águas Lindas de Goiás agora resiste ao frio da noite e ao calor do dia no Setor Comercial Sul. Com os dentes apodrecidos e as roupas em frangalhos, vivem do crack. Muitas vezes, sustentam o vício cometendo roubos, furtos e, em alguns casos mais extremos, homicídios e latrocínios (veja Memória).
Antes de devastar a vida dessas e de tantas vítimas do abuso das drogas ilícitas, os entorpecentes percorrem um longo caminho até chegarem ao DF. Dos traficantes às mulas e aviõezinhos, desembarcam no Distrito Federal em quantidades cada vez maiores. O total de substâncias ilícitas apreendidas em 10 anos revela que a capital é um destino importante na rota do narcotráfico. Em 2007, as forças policiais recolheram 1.147,5kg de maconha, crack, cocaína, haxixe e merla. Em 2016, o número aumentou para 4.204kg: um salto de 266%. E, só no primeiro semestre de 2017, foram tirados das ruas 2.241,7 kg, o dobro do que era apreendido há uma década.
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