Sem acordo em mais uma audiência de conciliação entre rodoviários e empresas de ônibus do Distrito Federal, os usuários do transporte público da cidade seguem temendo novas paralisações e transtorno. Na manhã de ontem, empregados e empregadores se reuniram, no Tribunal Regional do Trabalho da 10ª Região (TRT-10) em busca de um uma solução para reivindicações salariais dos trabalhadores da categoria. A situação, no entanto, segue sem consenso e, apesar de o sindicato não prever nenhuma movimentação ainda, o impasse pode significar nova paralisação dos coletivos nos próximos dias.
Por falta de consonância, a desembargadora Maria Regina Machado Guimarães, responsável pelo caso na Justiça do trabalho, abriu prazo de 48 horas para que o Sindicato dos Rodoviários apresente a defesa dos problemas apontados pelas empresas Consórcio HP-Ita, Auto Viação Marechal, Viação Pioneira, Viação Piracicabana e Expresso São José. Por outro lado, os empregadores devem se manifestar sobre o pedido feito pelo sindicato, de reconsideração de uma liminar concedida pela desembargadora, em 28 de agosto, determinando os percentuais de circulação de veículos durante a paralisação realizada naquele dia.
O processo segue em andamento. Empregados e empregadores podem continuar negociando sem a mediação da Justiça e, caso cheguem a um acordo, conseguirão pedir a homologação ao tribunal. De acordo com o Sindicato dos Rodoviários, uma reunião entre diretores, marcada para a manhã de hoje, definirá se haverá paralisações e assembleias. “Prepararemos a categoria para greve, mas ainda não sabemos quando será. A população será informada para poder se programar”, afirmou João Jesus de Oliveira, vice-presidente do sindicato. “Se o Governo do DF não fizer intervenções, as empresas ficarão acomodadas. Precisamos desse apoio”, completou.
Segundo Barbosa Neto, presidente da Associação das Empresas de Transporte Coletivo Urbano de Passageiros (Transit), as organizações gostariam que fosse firmado um acordo coletivo de trabalho baseado na “realidade econômica do país”. “Não há possibilidade de se pensar em ganhos fora da realidade. Estamos em tempos de crise e, neste momento, devemos ter a responsabilidade de não impor perda ao trabalhador, mas também não podemos fechar os olhos para a realidade”, afirmou.
Em nota, o GDF afirmou que tem acompanhado as negociações entre os rodoviários e as empresas e tentado “mediar a melhor solução, sem prejuízo para a população”. “No entanto, é importante ressaltar que se trata de uma relação entre empresa e empregado. A categoria já está recebendo, desde o mês de maio, o reajuste referente à inflação, mas, infelizmente, quer ganhos reais que não refletem a realidade econômica do país. O governo espera que novas paralisações não ocorram para que a população não seja ainda mais prejudicada”, destaca, em nota.
Conflito
Na sexta-feira, foi apresentada pela desembargadora do TRT uma proposta que previa 4,75% de reajuste salarial, 5% de aumento no tíquete-alimentação, 5,5% na cesta básica e 13,55% nos planos de saúde e odontológico, que não foi aceita pelas empresas. Desde 28 de agosto, dia da greve da categoria não informada à população, reuniões de conciliação foram realizadas pelo TRT com representantes dos rodoviários, das empresas, do Ministério Público do Trabalho e da Secretaria Nacional de Mobilidade Urbana (Semob). Com a mediação da Justiça, o sindicato passou a aceitar um reajuste de 6% nos salários, com 6% de aumento no tíquete-alimentação, 7% na cesta básica e 15% nos planos de saúde e odontológico.
As empresas mantiveram a proposta inicial, de 4,23% de reajuste linear, com mudança da data-base da categoria de maio para agosto. Na reunião de ontem, elas informaram que poderiam estudar a proposta apresentada pela Justiça se houvesse concordância por parte dos trabalhadores. Como o sindicato defendeu que a proposta não atendia aos anseios da categoria, a desembargadora encerrou a fase de tentativa de conciliação.
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