Em um assentamento cercado por mato alto, moradores da Expansão de Samambaia Norte buscavam respostas para um crime brutal. Depois de 16 dias dada como desaparecida, Ana Íris dos Santos, 12 anos, foi encontrada morta. Apesar de a Polícia Civil não confirmar oficialmente a identidade da adolescente, informou que há fortes indícios de que seja mesmo a menina. Familiares garantem que o corpo é dela pela blusa que vestia quando sumiu. O caso chamou a atenção dos vizinhos que, impactados, chegavam para acompanhar o trabalho da perícia durante o fim da manhã e a tarde de ontem. Os comentários de indignação, revolta e emoção marcaram o luto de quem conhecia a adolescente.
Moradora da região conhecida como Morro do Macaco, a família tinha esperanças de encontrar a adolescente viva. Ontem, ao saber da notícia de que o corpo da filha havia sido encontrado, a dona de casa Maria das Graças dos Santos precisou ser amparada. Ela foi socorrida pela vizinha e amiga próxima, Eriluce Santana de Carvalho, 46 anos. A comerciante recebia com frequência a menina no mercado onde vendia doces e guloseimas e se lembra do perfil carinhoso da adolescente. “Ela era indefesa e tão ingênua, que tinha 12 anos, mas parecia que eram 9 ou 10. Era uma menina boa, estudiosa e alegre”, contou a mulher, enquanto segurava no colo a irmã mais nova de Ana Íris, de apenas 9 meses.
Na residência onde a adolescente vivia com a mãe, o padrasto e os quatro irmãos, o clima era de perplexidade. Tia da mãe de Ana Íris, a auxiliar de serviços gerais que se identificou apenas como Maria Teresa, 36, definiu o caso como uma tragédia. “Não consigo nem definir um nome para quem fez isso. Essa pessoa é um monstro. Jamais imaginávamos encontrá-la desse jeito. Tínhamos esperança a todo momento”, relatou.
A educadora Valdomira de Jesus, 59 anos, presta assistência à família. Moradora da região há oito anos, ela contou que Ana Íris ajudava a mãe nos cuidados da irmã mais nova. Carente, Maria das Graças e o marido vivem do Bolsa Família. “É uma família muito carente. A mãe cuida dos filhos e a Ana Íris a auxiliava e também estudava. Ela era uma menina tranquila”, ressaltou. “É uma tristeza muito grande saber que a violência não tem permitido às crianças vivenciar o que a vida oferece”, lamentou.
Investigação
O caso está sendo acompanhado pela Divisão de Repressão a Sequestros (DRS). Segundo o titular da unidade, delegado Leandro Ritt, todas as linhas de investigação são consideradas. A intenção é que a identificação oficial do corpo da adolescente ocorra hoje. “Tudo leva a crer que seja ela, mas precisamos da confirmação da perícia. Amanhã (hoje) a família deve comparecer ao IML (Instituto de Medicina Legal) para retirar o corpo”, explicou. Mais velha de cinco irmãos, Ana Íris desapareceu na manhã de 10 de setembro. Na última vez que foi vista, a menina estava na QR 829, em Samambaia Norte, próximo de casa. Chegou a pedir para a avó fazer um lanche, mas sumiu sem comer o que ela tinha preparado.
Na tarde de ontem, moradores da região lincharam um homem que, na visão da comunidade, poderia ser o suspeito de ter matado Ana Íris. Ele seria primo da adolescente e foi levado ao Hospital Regional de Samambaia (HRSam) por uma equipe do Serviço de Atendimento Móvel de Urgência (Samu). A polícia, no entanto, não confirmou o possível envolvimento dele no caso.
Na vizinhança, o clima era de comoção e de tristeza. Vizinha da família, a dona de casa Andressa da Silva, 26, se lembra da adolescente brincando com os irmãos. “A gente nunca espera uma coisa dessas, principalmente se tratando de uma criança. O que fizeram foi uma covardia. Nunca vi nada tão chocante”, observou. A autônoma Maria Cristina da Silva, 26, também foi ao local para confirmar se o corpo era mesmo da menina. Ela se solidarizou com a dor da mãe de Ana Íris. “Eu também tenho filho e sei o que ela está passando. Samambaia está sofrendo junto com ela. Estou arrasada com a maldade que fizeram”, lamentou.
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