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DF reúne 320 mil na fila do desemprego

Mais de 45 mil pessoas entraram na fila do desemprego em um ano no Distrito Federal e fazem parte dos 320 mil brasilienses economicamente ativos sem trabalho. A população das regiões administrativas mais pobres tem menos ocupação e pode receber salários até 30 vezes abaixo das regiões de classe média-alta. Sem oportunidade e com baixa escolaridade, o rendimento também é cada vez mais inferior. A situação é pior para negros, jovens e mulheres. Mais de 8,6 mil desistiram de procurar e 275 mil partiram para a informalidade.
O desemprego cresceu de 17,8% para 19,5% nos últimos 12 meses. Segundo a Pesquisa de Emprego e Desemprego (PED), divulgada ontem pela Companhia de Planejamento do DF (Codeplan), o mercado de trabalho criou 52 mil postos, mas não conseguiu absorver as 97 mil pessoas que buscavam por oportunidade. A administração pública fechou 28 mil vagas e a construção civil, cinco mil. Por outro lado, os setores de serviço e comércio empregaram 29 mil e 13 mil, respectivamente.

Mais difícil para pobres
A taxa de desemprego por grupos de regiões administrativas mostra que, enquanto a ausência de trabalho atinge 8,3% da população de cidades com renda média- alta, como o Brasília, Lago Norte e Park Way, o problema é muito mais grave nas localidades de baixa renda. No grupo ocupado por Fercal, Paranoá, Itapoã, Recanto das Emas, Estrutural e Varjão, o desemprego é realidade para quase um terço da população. Acima, também, da média distrital, de 26,9%.
Mais da metade dos desempregados da capital é formada por mulheres, 38,5% tem até 24 anos e a maioria é negra (71,3%).
Segundo Gutemberg Gomes, secretário do Trabalho, Desenvolvimento Social, Mulheres, Igualdade Racial e Direitos Humanos, o governo aposta em políticas públicas para capacitar e democratizar o acesso ao mercado: “Sem qualificação, as pessoas não conseguem vagas. No ano, tivemos 153.598 vagas nas agências e 16.597 foram encaminhados ao mercado”.
Diferença salarial entre pobres e mais ricos chega a 30 vezes
Depois de uma vida toda trabalhando, Roberta de Souza Silva, 35 anos, é uma das que não conseguem emprego. O último registro na Carteira de Trabalho é de 2015, quando prestava serviço ao aeroporto. Ao ser mandada embora, fez faxina. “Nem como diarista consigo mais. É muito difícil”, conta.
Roberta nasceu no Piauí, estudou até a 4ª série, sabe ler e escrever e veio a Brasília aos 16 anos. Não chegou a fazer curso profissionalizante. “O dinheiro sempre foi contado. Mas, mesmo com estudo, vejo que a situação é complicada”, observa.
Em casa, na chácara Santa Luzia, na Estrutural, as coisas estavam difíceis. “Meu marido também ficou desempregado por um ano. Ele ia para o lixão tentar alguma coisa”, conta. Para ajudar, ela pretende fazer doces para vender.
“A diferença salarial entre os 10% mais pobres e os 10% mais ricos chega a 30 vezes. Enquanto os mais pobres têm o rendimento reduzido, os mais ricos aumentam. Isso significa que estamos aumentando a desigualdade”, afirma Ana Maria Nogales, diretora de Estudos e Pesquisas Socioeconômicas da Codeplan. A pesquisa indica que a média salarial, entre os dois grupos, varia de R$ 566 a R$ 14.139.
Apesar de o número de desempregados ser alto, o índice teve redução em relação a junho pelo quarto mês seguido. Em julho, cinco mil pessoas se tornaram economicamente ativas e quatro mil postos de trabalho foram criados e ocupados. Mesmo assim, os pesquisadores identificaram uma diminuição de nove mil pessoas desempregadas.
De acordo com Jusçanio Umbelino de Souza, gerente de Pesquisas Socioeconômicas da Codeplan, parte pode ter ido para a inatividade, que ganhou 10 mil pessoas – seja por aposentadoria ou porque desistiram de procurar ocupação.
Aposta sem garantias
Entre empregados sem carteira assinada e autônomos, o mercado informal abraça mais de 275 mil pessoas. Somente no último mês, quatro mil pessoas começaram a trabalhar deste modo, sem garantias, direitos e taxas. “A informalidade gera mais informalidade e faz crescer o índice”, ressalta Adalgisa Amaral, coordenadora da pesquisa e economista do Dieese.
Com três anos de desemprego, Márcia Melo, 48 anos, resolveu arregaçar as mangas e vender marmitas há cerca de dois meses. Ela acorda às 5h diariamente para produzir cerca de 50 unidades e, às 10h, já está a postos. “Tenho curso de vigilante e de operadora de caixa. Já trabalhei de muita a coisa na vida. Não conseguia emprego, então fui buscar o que fazer”, conta. Ela pensa que a situação pode ter relação com a idade e tem interesse em formalizar o novo serviço.
A ambulante Raimunda Lopes, 60 anos, vende roupas na rua há mais de cinco anos. Em casa, só uma das sete pessoas tem carteira assinada. “Não tem outra solução, a gente tem que se manter. Se não for assim, passa fome”, reclama a mulher, que trabalhou na roça e com limpeza em ministérios e prédios.
fonte: Jornal de Brasília
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