Megaoperação revela depósitos de drogas do Norte em casas de Samambaia




 Uma rede de disfarces orquestrada por um falso policial penal colocou a Polícia Civil (PCDF) diante de uma organização criminosa com ramificações interestaduais, voltada para o tráfico de cocaína. Com mais de 60 integrantes, o grupo montou uma complexa estrutura de transporte e distribuição de drogas que desafiava as forças de segurança. O pó, enviado da região Norte do país, era armazenado em casas de Samambaia, que funcionavam como centros logísticos da quadrilha. Na manhã desta terça-feira (8/7), a Coordenação de Repressão às Drogas (Cord) e a 3ª Promotoria de Entorpecentes do Ministério Público (MPDFT) desencadearam a operação Irmãos e cumpriram 51 mandados de prisão e 70 de busca e apreensão no DF, Rondônia, Goiânia e Ceará.

O ponto de virada da investigação ocorreu no final de janeiro deste ano, com a prisão Diogo Aparecido Barbosa Santos. Ele foi detido com R$ 1 milhão em cocaína dentro do carro, na BR-060. Diogo vinha de Goiânia (GO) e atuava na célula como “mula” — transportador de drogas. À época, o Correio revelou que Diogo se infiltrou entre policiais para colher informações privilegiadas. Criou grupos com agentes de segurança pública do DF e Entorno no WhatsApp e usava as redes sociais para estreitar vínculos com autoridades.

Além de apresentar-se como policial penal, Diogo se dizia PM de Goiás e segurança de autoridades. Mas as falsas identidades faziam parte de um engenho criminoso de fornecimento, transporte, armazenamento, distribuição de drogas e lavagem de dinheiro, com táticas de ocultação e evasão.

Descoberta

Desde 2023, a rede à qual Diogo pertence entrou no radar da polícia. Entre 19 de agosto de 2024 e 27 de janeiro deste ano, a Cord apreendeu mais de 80kg de drogas e prendeu nove integrantes da quadrilha em cinco operações. Esses flagrantes foram decisivos para mapear a cadeia de comando do grupo.

A Polícia Civil aponta Igor Filipe Silva Araújo e Matheus Araújo Nunes como os líderes da Orcrim no DF. Eram eles que, segundo as investigações, encomendavam as remessas de drogas oriundas de Rondônia e coordenavam a rede de distribuição local, com apoio das chamadas “casas-depósito” — residências usadas para esconder as cargas antes da até a revenda.

Do outro lado da linha, em Rondônia, atuava um grupo experiente no tráfico interestadual. Nomes como Romildo Mingardo Junior, Rosiclei Queiroz Nascimento, Tiago Souza Brito, Fabiano Santos Toledo e Victor Guilherme da Silva Fernandes foram identificados como os responsáveis pela precificação, logística e escoamento da droga.

Discrição

Para fugir das fiscalizações em rodovias, a quadrilha adotava um sistema de transporte de baixo perfil. O delegado da Cord Luiz Henrique, responsável pela operação, destacou que o grupo usava da discrição para escapar da polícia. Uma das estratégias era o uso de carros populares. “Eles perceberam que usar carros comuns e simples não chamava tanto a atenção das forças de segurança e era uma vantagem para se safar.”

Wilker Pereira de Oliveira, um dos alvos da operação, era quem adaptava os veículos para o transporte da droga. Numa expertise técnica, criava fundos falsos quase imperceptíveis no interior do veículo. Esses espaços cabiam cargas grandes de entorpecentes.

A organização também trocou a maconha prensada (tablete) pelo skunk, versão mais potente e compacta, por ocupar menos espaço nos compartimentos dos carros e ser mais lucrativa.

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