A audiência pública que iria tratar do licenciamento ambiental da Usina Termelétrica Brasília, em Samambaia, precisou ser suspensa. A reunião teve início às 19h desta terça-feira (17/6), mas foi paralisada cerca de 45 minutos depois por causa dos diversos protestantes que estavam no local.
Porém, desde o início da fala do representante do instituto, o público gritava palavras de ordem como “Fora Termelétrica” e “Salve o Rio Melchior”. Os participantes da audiência tentaram seguir com a reunião, mas os manifestantes não deram espaço.
Entenda o projeto
- A usina de Samambaia prevê gerar sozinha 1.470 megawatts
- Essa energia entraria para o Sistema Interligado Nacional (SIN) para abastecer o país, e significaria a mudança da matriz energética do Distrito Federal que tem, atualmente, como sua principal fonte de energia o abastecimento por hidrelétricas – Furnas e Itaipu, consideradas energias renováveis.
- A usina terá três turbinas a gás, três caldeiras de recuperação e uma turbina a vapor
- A energia gerada ligará a usina à subestação de Samambaia por uma linha de transmissão de 6,29 quilômetros.
- Uma adutora ligada à usina pretende captar um volume de 110m³/h de água no Rio Melchior, que estará a apenas 500 metros da margem
- Após usar a água, a usina pretende devolver 104 m³/h ao rio.
Como o DF não tem gás natural, o projeto prevê a construção de um gasoduto de São Carlos (SP) para Samambaia. Esse modelo seria implantado e ficaria sob responsabilidade da Transportadora de Gás Brasil Central (TGBC), que pertence ao mesmo sócio da empresa responsável pela usina: Carlos Suarez, também conhecido como Rei do Gás.
Se aprovada, uma usina que gera energia à base de gás metano será construída em Samambaia pegando até uma faixa do Recanto das Emas. A área de influência, contudo, será ainda maior. O Relatório de Impacto do Meio Ambiente feito pela Ambientare, consultoria contratada pela própria empresa responsável, apresenta também interceptações em Ceilândia e no Sol Nascente.
Para Wurdig, a suspensão da audiência “foi uma vitória da população de Samambaia, que não aceita a instalação da termoelétrica, principalmente pelos impactos no Rio Melchior, já bastante comprometido, e pela ameaça de remoção da escola da Guariroba”. A UTE Brasília prevê a instalação de uma usina movida a gás natural, com capacidade de 1.470,71 megawatts (MW), na região de Samambaia, no Distrito Federal. A planta prevê ocupação de uma área sensível, próxima ao Rio Melchior, já afetado por problemas ambientais.
Laudo
De acordo com o engenheiro ambiental e de segurança do trabalho do Instituto Arayara, Urias de Moura Bueno Neto, responsável pelo laudo, o espaço apresentava uma série de irregularidades, como ausência de extintores de incêndio, contrariando as Normas Técnicas nº 03/2015 e 23/2011; falta de sinalização de emergência e de orientação para evacuação, descumprindo a Norma Técnica nº 22/2020; mangueiras de hidrantes amarradas com fitas plásticas, dificultando seu uso em caso de emergência; uma das duas saídas de emergência possuía largura inferior ao mínimo exigido pela Norma Técnica nº 10/2015 do CBMDF, comprometendo a evacuação em situações de risco e a estrutura montada era coberta com materiais de alta combustão, como lonas tensionadas, que aumentam o risco de incêndio.
De acordo com a Ata de Reunião do Ibama, o evento teve início às 19h10, mas foi interrompido às 19h45, após intensa manifestação dos moradores da região. Manifestantes ocuparam o auditório com palavras de ordem como “Fora Termelétrica”, “Xô Termelétrica” e “Salve o Rio Melchior”, além de defenderem a manutenção da Escola Classe 425 da Guariroba, que, segundo eles, seria removida para dar lugar ao empreendimento. Na Ata de Reunião assinada pelo coordenador do Ibama, Eduardo Wagner da Silva, e pelo presidente da audiência, Edmilson Comparini Maturana, o órgão ambiental confirma que a audiência foi suspensa por absoluta falta de condições, tanto pelas manifestações quanto pela inviabilidade de segurança no local.
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