Fotos: Joel Rodrigues/ Agência Brasília |
O Distrito Federal tem convivido nos últimos dias com a baixa umidade — inclusive com o recorde histórico de 7%. A condição traz não só danos à saúde, mas também o risco de incêndios florestais, que costumam disparar nesse período. Por isso, o Corpo de Bombeiros do Distrito Federal (CBMDF) tem estratégias para lidar com a alta de ocorrências. A corporação também orienta a população, que pode contribuir para evitar o surgimento das chamas.
“Nesse período, é esperado que [o trabalho] se intensifique, devido ao longo período de estiagem. Para colaborar com isso, temos a operação Verde Vivo. Todos os anos, a gente se prepara. Ela é dividida em fases, começa em meados de março com a fase preventiva. [Antes da seca,] a gente consegue fazer trabalhos educativos com chacareiros, a gente vai até as zonas com vegetação mais exuberante — que podem virar combustível — fazer planos de manejo e todas as ações preventivas para que, quando chegar esse período, a gente esteja o mais preparado possível”, explica o tenente Anderson Ventura, do Grupamento de Proteção Ambiental (GPRAM).
“Em paralelo, a gente prepara um contingente de militares, viaturas e equipamentos para conseguir atender a essa demanda altíssima, que é normal nesse período do ano. O sintoma claro de que a Operação Verde Vivo dá certo é o fato de a gente conseguir atender todas [as ocorrências], apesar de haver um aumento abrupto de um mês para o outro”, completa o militar.
A média nesta época, estima o tenente, é de 100 ocorrências por dia. Ao todo, de janeiro até a última segunda-feira (9), foram 10.442 registros — que resultaram em 16.039,4 hectares queimados. A área atingida é maior que a do ano passado, quando choveu em agosto, mas está dentro da média histórica (de 23.607,76 hectares anuais), levemente acima apenas por causa dos recordes negativos de umidade. Para o combate, o CBMDF tem 180 bombeiros dedicados exclusivamente à função, que usam 43 viaturas.
Esses incêndios, em sua grande maioria, são contidos ainda no início. Fruto do trabalho preventivo e da disposição estratégica dos quase 30 quartéis espalhados pelo DF. “A estratégia de espalhamento é baseada no tempo de resposta: onde eu vou colocar quartéis de forma que as viaturas percorram as vias certas e cheguem em pouco tempo a qualquer lugar? O nosso tempo médio de resposta está próximo de sete, oito minutos, o que faz com que o fogo já no início consiga ser atendido, evitando que ele se torne um fogo enorme”, detalha Ventura.
Hoje em dia, os bombeiros também podem contar com o auxílio da tecnologia para identificar locais que estejam em risco. Uma das ações nesse sentido é o SemFogoDF, projeto em parceria com a Universidade de Brasília (UnB) e com a Associação GigaCandanga, que usa câmeras posicionadas na Torre de TV Digital para monitorar pontos a até 50 km, e inteligência artificial para identificar se as fumaças observadas podem ser de incêndios. Há ainda o uso de imagens de satélite para identificar pontos quentes. O uso desses recursos, porém, é “casado” com a observação humana de agentes em campo.
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