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Sob risco de morte, rio Melchior em Samambaia recebe três vezes o seu volume em esgoto




 De acordo com um despacho elaborado pela Secretaria do Meio Ambiente (Sema-DF) para responder às demandas feitas em maio pela Câmara Legislativa do Distrito Federal (CLDF) sobre as condições de preservação do rio Melchior, o curso d’água recebe um volume de esgoto equivalente a quase três vezes a sua vazão. O despacho também aponta para deficiências no tratamento do esgoto que é despejado no local.

“É necessária ampliação da capacidade hidráulica e suporte de maior entrada de carga orgânica, uma vez que já apresenta problemas que impedem a estação de operar capacidade nominal”, alerta Patrícia Valls e Silva, coordenadora de recursos hídricos da Sema no documento. Em seguida, lista uma série de mudanças que precisam ser feitas na estação de tratamento de esgoto próxima ao rio que separa as cidades de Samambaia e Ceilândia.

O objetivo das mudanças, conforme consta no documento, é fazer “Tudo para que seja possível o lançamento no Rio Melchior de um efluente de melhor qualidade, mesmo o rio sendo classificado como Classe 4 e não tendo perspectiva de melhoras devido a sua baixa vazão (o volume de esgoto lançado é quase três vezes maior que a vazão do próprio rio)”.

O documento responde algumas das perguntas feitas pelos parlamentares que participaram de uma audiência pública no último mês de maio sobre a preservação do rio Melchior. O afluente se tornou alvo de preocupação de moradores próximos quando uma espuma densa com forte cheiro de esgoto começou a se formar próxima às tubulações de tratamento de esgoto da Companhia de Saneamento Ambiental do Distrito Federal (Caesb) no local, seguida do aparecimento de tartarugas mortas próximas da água.

Em nota, a Caesb afirma que “A afirmação de que o volume do esgoto tratado lançado no rio é quase três vezes a vazão do rio, se refere à menor vazão do rio em períodos de seca, não representando a situação do rio durante todo o ano”. Acrescenta também que “ao longo dos últimos anos, a Caesb tem investido na revitalização das ETEs Melchior e Samambaia, como a substituição e a modernização do tratamento preliminar, a instalação de equipamentos, a implantação de redes para flexibilização operacional e a substituição de malhas de aeração”.

Sob risco de morte, ainda há esperança

O policial militar Newton Viana, de 43 anos, acompanha a situação do Melchior desde o aparecimento da espuma que preocupou os residentes próximos ao rio. Desde então, assumiu a liderança de um grupo de moradores que procuram alertar autoridades sobre a poluição que ameaça as espécies locais, bem como a própria existência do rio.

Newton destaca que, se devidamente tratado, ainda é possível recuperar o rio. O ativista relata a história de um trecho onde foi possível tornar a água limpa novamente. “Em janeiro, algumas tubulações próximas a uma cachoeira se romperam, e o esgoto caía. A cachoeira ficou totalmente tomada pelo esgoto. O que aconteceu: nós encontramos os locais que estavam com problema. A imprensa deu visibilidade para o problema, e eles [caesb] solucionaram”.

Após os reparos na tubulação, o policial conta que a cachoeira foi totalmente recuperada. “A água ficou bem clara, sem odor. E essa parte do rio agora tem uma classificação diferente do resto do rio. É enquadrada como corpo d’água Classe 2, onde moradores já podem ter contato, já podem usar a água para banho. É diferente do resto do rio, enquadrado como Classe 4, onde é permitido um despejo maior de esgoto”.


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