Valéria, que tinha 42 anos, estava internada em decorrência
de complicações da covid-19. Em um hospital público de Esteio, município do Rio
Grande do Sul, ela passou seus últimos dias de vida em meio ao caos ligado à
falta de leitos em diversas regiões do país, em razão do aumento de casos do
novo coronavírus no Brasil.
"Essa foi a última mensagem que tive da minha mãe
(...) Usem máscara, não saiam se não for necessário, por favor", escreveu
Giulia na publicação, que já teve mais de 125 mil curtidas e mais de 13 mil
compartilhamentos na rede.
A situação vivida por Valéria ilustra o caos vivido no país
em decorrência da covid-19 — nos últimos dias, o Brasil registrou sucessivos
recordes de mortes e se aproximou de 2 mil óbitos pelo novo coronavírus em 24
horas.
A família relata que Valéria
sempre adotou os cuidados necessários para que não fosse infectada pelo
coronavírus.
Os parentes acreditam que ela,
que era dona de uma sorveteria na cidade de Esteio, tenha sido infectada pelo
coronavírus enquanto atendia algum cliente.
"As pessoas pouco se
importavam. A minha mãe cansou de brigar com clientes (para que usassem
máscara)", relata Giulia.
Os primeiros sintomas da
comerciante começaram por volta de 14 de fevereiro, quando ela passou a tossir
muito. Dias depois, fez um teste que apontou que ela e o marido estavam com o
novo coronavírus. O casal ficou isolado. Giulia, que mora com a avó em outra
casa, relata que a mãe chegou a ir algumas vezes ao hospital, mas logo era
liberada.
"Os hospitais estavam cheios, então os
profissionais de saúde viam alguma melhora nela e a liberavam para que outra
pessoa pudesse ser atendida também", relata a jovem.
Em 20 de fevereiro, a situação se agravou. Valéria, que
tinha diabetes e asma, teve os pulmões duramente comprometidos pelo
coronavírus. Ela foi internada na área de emergência de uma unidade de saúde
pública.
"Ela sempre
mandava mensagens para a gente porque podia ficar com o celular enquanto estava
internada. Porém, ninguém podia visitá-la, só o meu pai que podia ir para levar
algo que ela precisasse", relembra a jovem.
No último sábado, o
quadro de Valéria se agravou ainda mais. Os médicos orientaram que ela fosse
encaminhada para uma Unidade de Terapia Intensiva (UTI). Mas diante do cenário
de falta de leitos no Rio Grande do Sul, ela não conseguiu.
Como em diversas partes
do Brasil, a atual situação da pandemia no Rio Grande do Sul é considerada
extremamente preocupante. O cenário é o pior desde os primeiros registros de
covid-19. Há fila de espera por um leito de UTI. O governo do Estado avalia o
aluguel de contêineres refrigerados para acomodar um eventual excesso de
corpos.
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