“Ele tirou um pedaço de mim”, descreveu em dor Wildiane da Silva Sousa Miranda. A mãe de Gabrielly da Silva Miranda, 18, assassinada pelo ex-companheiro Leonardo Pereira dos Santos, encontrava-se inconsolável na capela 5 do Cemitério Campo da Esperança de Taguatinga. Durante o velório, o anseio por justiça era protagonizado pela voz da matriarca.
“Ele vai pagar pelo que fez. Maldito, matou minha filha”, bradava a mãe, transtornada. Pouco a pouco Wildiane se acalmava, amparada por familiares vindos de Anápolis e do Distrito Federal. Amigos e conhecidos, além de outros solidários compunham o cortejo, que reuniu cerca de 150 pessoas.
Debaixo da marquise do sepulcro, uma das amigas leu o texto de Eclesiastes 3 e proferiu algumas últimas palavras antes que o caixão fosse sepultado. “Agora precisamos nos unir e orar pela família, dar força e consolo”, sugeriu. Ainda na manhã desta quarta-feira (15), a família de Gabrielly se reuniu na casa da mãe para se prepararem para o cortejo.
O histórico de violência deixava a família e os amigos apreensivos sobre o futuro de Gabrielly. “Ela me falava das agressões. Direto eu ia buscar ela na casa dele”, contou a mãe. “É não foi uma ou duas vezes, foram várias.”
“Ela só caiu em si quando ele viajou com outra mulher para o Rio de Janeiro (RJ), daí ela não quis mais e ficou com ódio dele”, continuou a mãe. Daí em diante, as ameaças do algoz passaram a ser constantes e mais incisivas. Gabrielly chegou a bloquear Leonardo das redes sociais, conforme relatou em áudios enviados a amigas do colégio.
Relembre o caso
A jovem morta com um tiro na cabeça na última terça-feira (14) na quadra 425 de Samambaia vinha sendo ameaçada pelo namorado, autor do disparo. Apesar de Leonardo Pereira dos Santos, 31 anos, contar que matou Gabrielly Miranda, 18, sem querer durante brincadeira de roleta-russa, áudios que Gabrielly enviou para amigas dias antes mostram que Leonardo vinha ameaçando-a de morte.
Gabrielly afirma que chegou a bloquear Leonardo em aplicativo de conversa. Ele, então, criou um perfil em outra rede social para segui-la, e ela o bloqueou na rede. Depois, Leonardo ligou na avó de Gabrielly e pediu para falar com ela.
Gaby, como era chamada, decidiu atendê-lo. Na ligação, Leonardo disse que queria falar com a moça e que se ela recusasse, ele iria “dar um monte de tiro”. Ouça:
Após as ameaças, a família teria cogitado ir a uma delegacia de polícia e relatar o caso. Aflita, a avó de Gabrielly disse que estava com medo de ele causar algum mal à jovem, direta ou indiretamente, após a denúncia. Gaby, então, decidiu esperar. “Eu to pensando em esperar para ver se ele vai vir atrás, se vai fazer alguma coisa. Também não sei, né, se ele vir ele já vem pra me matar, sei lá. Agora fiquei foi com medo.”
Na manhã de terça-feira (14), a família de Gabrielly amanheceu com a notícia de que a jovem havia sido morta com um tiro na cabeça. Leonardo chamou a Polícia Militar (PMDF) e contou que atirou na companheira após ambos brincarem de roleta-russa. A mãe de Gabrielly, no entanto, não acredita na versão e afirma que já havia aconselhado a filha a terminar o relacionamento com o autor do crime.
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