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Diálogos revelam fim de relacionamento de segurança e suspeita de matá-lo




Agentes da 32ª Delegacia de Polícia (Samambaia Sul) procuram imagens de câmeras de segurança para elucidar os detalhes do assassinato do vigilante Marcos Aurélio Rodrigues de Almeida, 32 anos. O caso ocorreu no último sábado, quando a vítima saía do trabalho, em um restaurante do Setor de Indústrias Gráficas (SIG). Ele encontraria uma ex-namorada, na QR 325 de Samambaia Sul. Na noite de terça-feira, policiais prenderam a mulher e um comparsa, suspeitos do homicídio. 

De acordo com os investigadores, a dupla matou e esquartejou a vítima. Eles estão detidos por força de mandado de prisão temporária. Na manhã desta quarta-feira (13/11), eles foram encaminhados para o Departamento de Controle e Custódia de Presos, no Complexo da Polícia Civil, no Parque da Cidade.

Segundo a investigação, Marcos Aurélio namorou a acusada por quase dois meses, quando terminou um noivado, em setembro, como disse a mãe do vigilante, Sônia Maria Rodrigues de Almeida, 56. “O meu filho ajudava-a financeiramente, com compras para a casa dela. Contudo, ele continuava amando a noiva e, quando ela (a noiva) o procurou, reataram o relacionamento”, explicou a aposentada.


Em 29 de outubro, o vigilante entrou em contato com a suspeita pelo WhatsApp e terminou o relacionamento. “Ela (a noiva) veio aqui (na casa dele). Eu fui fraco e dei esperanças para ela. Eu te peço perdão por isso. Mas, na hora, meu sentimento falou mais alto. Se você quiser, em alguma oportunidade, poderemos conversar pessoalmente sobre isso”, escreveu Marcos à suposta mandante do crime. “Parabéns para você. Sabia que estava brincando comigo e escondendo algo”, respondeu ela.

Nos textos trocados, Marcos Aurélio teria rompido o namoro. O Correio apurou que, como a suspeita não aceitava o término, o vigilante a bloqueou no WhatsApp e no Facebook. Entretanto, isso não foi suficiente. A mulher conseguiu o número de telefone da mãe da vítima e passou a importuná-la. “Ela estava inconformada e dizia, com todas as letras, que não aceitaria o fim. Que o meu filho não poderia ter terminado o namoro pelo telefone e cortado qualquer relação. Disse que gostava dele e que o faria feliz. Mas expliquei que ele amava a noiva e que essa situação não poderia continuar. Em seguida, pedi para que ela seguisse a vida”, afirmou Sônia Maria.


Buscas

Na manhã de sábado, Marcos Aurélio saiu do trabalho, no SIG, para a Rodoviária do Plano Piloto. No local, o vigilante pretendia pegar um ônibus para o Recanto das Emas. O objetivo inicial era buscar o filho, de 9 anos, fruto de outro relacionamento do vigia. Contudo, teria seguido até a residência da ex-namorada, em Samambaia Sul. Eles estavam separados havia 11 dias. Depois desse encontro, o vigilante não foi mais visto com vida.

Até o momento, os investigadores da 32ª DP sabem que quem matou a vítima esquartejou o corpo. As pernas e os braços dele foram encontrados na QR 327 de Samambaia Sul, na segunda-feira. Um dia depois, agentes acharam o tronco de Marcos Aurélio, na QR 325. Na madrugada desta quarta-feira (13/11), policiais encontraram uma das coxas. À tarde, contaram com ajuda de uma equipe de busca e resgate com cães do Corpo de Bombeiros para tentar localizar o restante do cadáver no Aterro Sanitário de Brasília, na DF-180.


Frieza

De acordo com a mãe da vítima, a suspeita entrou em contato com ela por telefone após o assassinato. “Ela pediu para falar com o meu filho. Eu disse que ele estava desaparecido e, que se ela estivesse com o Marcos Aurélio, precisava nos informar. Mas ela negou tudo”, relatou. “Ainda no sábado, ela me contatou pedindo para vir à minha casa para me dar um abraço. Neguei. Em seguida, essa mulher ainda falou que precisaríamos ir à igreja rezar pelo bem do meu filho. Como cabe tanta crueldade em um ser humano? Ela me ouviu chorar de desespero. Mentiu na minha cara. Quero que ela pague”, afirmou.

Segundo a mãe, Marcos Aurélio trabalhava para criar o filho. “Ele tinha o sonho de passar na prova de concurso para agente penitenciário de Goiás, que seria em 24 de novembro”, contou. A vítima mantinha rotina intensa. Em dias alternados, ele trabalhava no restaurante do SIG, durante a madrugada. Além disso, atuava como segurança em uma loja em shopping de Taguatinga Sul.

No tempo que tinha livre, Marcos Aurélio se preparava para defender o Trabalho de Conclusão de Curso (TCC) no curso de publicidade. “A gente quer justiça. A dor não vai passar, mas eu quero que algo seja feito. Estou revoltada, porque o meu filho era tudo para mim. Meu mundo acabou. Não tenho mais ânimo para nada. No fundo, tínhamos a esperança de ele estar vivo”, lamentou a mãe. 

Desproporção emocional

A Secretaria de Segurança Pública do Distrito Federal não faz levantamentos sobre assassinatos cometidos por mulheres contra os companheiros. Segundo a pasta, entre janeiro e outubro deste ano, 327 pessoas foram vítimas de homicídio na capital.

De acordo com Leonardo Sant’Anna e Ivon Iizuka, da Total Florida International — Consultoria em Segurança, diante dos indícios que se têm até o momento, o episódio pode ser avaliado por duas abordagens. “Pelo lado legal, o homicídio é a classificação do Código Penal que mais se adéqua ao crime praticado. Mas deve-se juntar todos os itens que tornam o crime mais grave e hediondo, tais como a crueldade praticada, o esquartejamento, a ocultação das partes do corpo e uma possível preparação de emboscada. No aspecto psicológico, há a reação completamente desproporcional ao compararmos o término do relacionamento e, em tese, o que se colocou em prática como vingança”, explicou Sant’Anna.
Iizuka avalia que reações extremas como o esquartejamento não são aceitáveis nem fáceis. “Geralmente, em um término de namoro, a pessoa esperneia, chora ou briga. São atitudes normais do ser humano. Mas quando se trata desse tipo de brutalidade, que exige força e energia, há uma desproporção emocional muito grande para concretizar a origem dessa raiva”, analisou.


O psicólogo e pesquisador da área de violência doméstica da Universidade de Brasília (UnB) Fabrício Guimarães explica que esse é um caso que foge do comum. “É normal encontrar mulheres que, ao terminar um relacionamento, saem, vão se distrair e até choram. No caso dos homens, há uma cultura machista, na qual eles acham que a companheira é propriedade dele e as mata. Mas, nesse caso específico, podemos ver como intolerância à frustração”, ressaltou. 

FONTE: CORREIO BRAZILIENSE
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