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Casal vive embaixo da ponte na Samambaia há 3 anos


O casal de desempregados Auricelia dos Santos, 55 anos, e Alessandro, de 27 anos, vive embaixo da Ponte do Córrego de Taguatinga, no caminho da Região Administrativa de Samambaia há três anos.  Eles montaram um abrigo utilizando lona e cobertores, o mínimo necessário para, segundo ele, escaparem da chuva e do frio. O clima não é o único desafio que eles enfrentam diariamente. À noite, o casal constantemente é acordado por ratos, que sobem no colchão.




Ela é nascida na cidade de Morpará, na Bahia, (a 700 km de Salvador e a 900 km da capital do país) e mudou-se com os pais e os cinco irmãos para Brasília aos 7 anos de idade, que tentavam mudar o rumo de vida  Ela lamenta ter estudado apenas até a terceira série. Viveu junto da família até o falecimento da mãe em 2009, vítima de câncer. O pai morreu de derrame.



 “Discussões por herança” fizeram com que Auricelia se distanciasse da família e, por não ter condições de se sustentar por muito tempo, entrou em situação de rua. A comunidade do Sol Nascente foi a primeira parada. Depois, foi para o Centro de Ceilândia.   No local em que vivem, há uma estrutura improvisada de porta de madeirite para proteger da chuva. Uma lona e cobertor resguardam do frio da noite. Ela vive com o companheiro, Alessandro de 27 anos, que conheceu em 2012 no restaurante comunitário de Ceilândia.


No barraco onde vivem, cabe uma cama de solteiro velha e dois bancos que sustentam uma mala e uma cesta de roupa. “ Para os ratos não alcançar a gente”, disse Auricelia.  O “fogão” fica do lado de fora. O fogo é feito dentro de uma lata onde colocam a lenha. Ao lado do barraco, o terreno é cercado de um matagal com lixo, um espaço propício para ratos.  Ela tem 10 filhos, mas nenhum vive com eles.  Mas, não tem notícias deles. Segundo disse, os filhos foram levados pelo Conselho Tutelar.

Rotina

Pela manhã, ela sai para catar latinha com o companheiro e, com sorte, consegue dinheiro para comprar alimentos, volta para casa e, se houver comida, prepara o almoço. O banheiro é o córrego. Lá ela toma banho e lava a roupa também. A água para beber é buscada no posto de gasolina que fica a 700 metros da ponte. 

“Já acordei no meio da noite com um rato no meu rosto. Foi um susto, é nojento né? Tem muito bicho e cobra”.   Segundo ela, eles não conseguem emprego e o maior sonho que têm é conseguir sair da rua e ter sua casa própria “Queria mudar de vida, queria sair dessa vida… Porque isso aqui não é vida não, é? Isso não é vida!”.

Alessandro nasceu no Recanto das Emas, onde vivia com os pais. Estudou até a sexta série e vigiava carros para conseguir alguns “trocados”. Atualmente seus pais estão em Barreiras, na Bahia. O homem acorda cedo todos os dias em busca de latinhas e algum trabalho, mas, sem residência fixa, se torna difícil conseguir algum emprego ou alguma assistência do governo.  Alessandro também rejeita a ideia de dormir em um albergue. Ele lembra ainda do ano eleitoral, em que muitas pessoas tentavam convencê-lo a tirar o título para votar. “Eles vêm aqui, querendo que a gente tire título de eleitor para votar no candidato deles. Só para isso que eles vêm aqui.”

No frio, falta agasalho e, às vezes, a bebida alcoólica é o único meio de esquentar-se. “Têm vezes que o álcool salva a gente, porque passar a noite é muito difícil. Eu só tenho um bocal de energia, alguns (moradores de rua) pelo menos tem televisão”.
Eles contaram que conseguem água potável em um posto de gasolina, localizado a 700 metros da ponte e dependem da ajuda das pessoas para conseguirem comida. As latinhas que Alessandro recolhe rendem muito pouco e só são suficientes para comprar um pacote de macarrão. O sonho do casal é ter uma casa para morar.

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