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Kennedy Mikael faz parte de um todo na Expansão de Samambaia




Repórter: Élton Skartazini
"Nenhum homem é uma ilha, isolado em si mesmo; todos são parte do continente, uma parte de um todo. Se um torrão de terra for levado pelas águas até o mar, ‘o continente’ ficará diminuído, como se fosse um promontório, como se fosse o solar de teus amigos ou o teu próprio; a morte de qualquer homem me diminui, porque sou parte do gênero humano. E por isso não perguntes por quem os sinos dobram; eles dobram por ti".


Este texto do poeta inglês John Donne (1572 - 1631) introduz bem esta entrevista com o jovem Kennedy Mikael, morador da Expansão de Samambaia, porque esse bairro e seus moradores fazem parte de Samambaia, que por sua vez faz parte do Distrito Federal e assim por diante. O que separa a Expansão de Samambaia é unicamente o Parque Gatumé, que também faz parte do todo e carece de muita atenção.
Kennedy Mikael Marques da Silva, Kennedy Mikael (19), mora na QR 827, Expansão de Samambaia/DF. Trabalha como auxiliar administrativo numa fábrica de pão de queijo e salgados congelados. Tem o ensino médio completo e estuda para concursos. Mas o motivo desta entrevista é sua dedicação à comunidade, como agente esportivo, cultural e de comunicação. Seu trabalho social começou ainda na infância... 


Élton Skartazini - Pode nos falar o que faz na Expansão de Samambaia?
Kennedy Mikael - Dedico-me há sete anos ao time de futebol ‘Sport 827’, há seis anos à quadrilha junina ‘Manguaça’ e tenho um projeto chamado ‘Moldando Futuros’ que por dois atendeu certa de 80 crianças com aulas de futebol, mas hoje está parado por falta de local de treinos. Vivo lutando por melhorias na Expansão de Samambaia.


ES - Recentemente lhe conheci entrevistando pessoas para publicar nas redes. Você é um comunicador, um ‘blogueiro’?
KM - Não tenho páginas de comunicação. Relato fatos dos quais participo, ou que de certa forma influenciam em coisas, ou pessoas de meu interesse. Na verdade nos conhecemos em 2015, no projeto ambiental ‘Viva 3 Meninas’, no Parque Três Meninas, com a Abadia, Sueli, Domício, Euri... Tivemos outros encontros nos Saraus Complexos, pela implantação do Complexo Cultural Samambaia, mas nunca nos aproximamos, eu era muito jovem e, provavelmente, você nem me percebeu... Meu trabalho de comunicação é geralmente sobre meus projetos ou reuniões que participo, defendendo interesses ou buscando apoio. Então essa comunicação é sempre voltada e focada para esse crescimento e visibilidade.


ES - Você faz bem sua comunicação, o que nos chamou a atenção. Poderia nos falar mais sobre cada um dos projetos?
KM - Vamos lá: o primeiro é o ‘Sport 827’, time de futebol fundado em 11/11/2011, por iniciativa do José Cláudio Araújo, o Claudinho. Ele veio da Santa Maria onde tinha um time chamado ‘Sport Central’. Quando veio morar aqui, no final de 2010, trouxe a ideia de continuar com o time, o que nos causou euforia. Tínhamos uma tesoureira, diretor de esporte, diretor de futebol, presidente, vice, técnico, etc., cada qual na sua gerência. Eu, com 11 anos, era apenas um torcedor que passava a semana pedindo para meus pais me deixarem ir no domingo a Santa Maria, onde ocorriam os melhores campeonatos. Passaram alguns anos e o time nada de ser campeão. Em 2014 vi aquelas pessoas eufóricas deixarem suas gerências e virarem as costas pro time. Poucas, raramente ainda nos ajudam em algumas coisas. A partir de 2015 ficamos só nos três: Claudinho, Cecília e eu. Virei diretor geral. Em 2016, já mais entendido de futebol, fui auxiliar técnico e vi o ‘Sport 827’ perder duas vezes nas quartas de final. Os técnicos iam contra minha vontade e acabava dando zebra. Mas nesse mesmo num desses campeonatos foi dirigente destaque. No final de 2017 vi o time praticamente enrolar a bandeira. Não íamos mais para campeonatos e raramente tinha um amistoso. Então tomei a frente e assumi as funções do time. Hoje sou técnico, tesoureiro e diretor de esportes. Só não quero o título de presidente. Desde então participamos de ótimas competições, com resultados significativos. Com muito suor conseguimos dar visibilidade ao ‘Sport 827’ em Samambaia/DF. Este ano convidamos mais três amigos para a direção: o Lucas, o Douglas e João Pedro. Estamos na luta.


ES - E a quadrilha junina ‘Manguaça’?
KM - Vou resumir um pouco essa história. Em 2013 algumas pessoas da nossa quadra tiveram a ideia de fazer um arraiá. Tinha uma moça que sabia dançar quadrilha e formou o grupo ‘Manguaça’. Este nome é porque a grande maioria dos componentes era pinguça. O primeiro arraiá foi em 2013 e ocorreram alguns problemas e tal. Então em 2014 não teve e em 2015 foi meio fraco. Em 2016 a moça já não queria mais fazer o arraiá e nem a quadrilha. Mas a galera veio ate mim, acho que porque sempre fui uma referência pra eles, então assumi as responsabilidades e a coordenação da quadrilha, até hoje. Já pensei em parar, mas os meninos não deixam. Em 2016, 2017 e 2018 o arraiá foi sob meu comando e provavelmente esse ano também. Em 2016 não tivemos muita base e nem apoio, mas conseguimos fazer um trabalho digno. Em 2017 a quadrilha junina ‘Si Bobiá a Gente Pimba’, famosa no DF, dançou aqui. Em 2018 a quadrilha ‘Pau Melado’, também famosa, dançou aqui. Este ano estou praticamente sozinho, pois as outras pessoas da coordenação mudaram. Resumo: a ‘Manguaça’ começou em 2013, em 2016 assumi o comando e este será o sexto ano. Agora estamos caminhando para mais uma batalha sem ajuda do governo, praticamente sem patrocínio, só algumas pessoas que ajudam por fora.
ES - E o projeto social ‘Moldando Futuros’?
KM - Este foi uma iniciativa minha e do meu amigo Eduardo Castro, em 2017. Estávamos atendo certa de 80 crianças e adolescentes de 7 a 17 anos, com escolinha de futebol, mas em dezembro último paramos as atividades pois perdemos o local de treino. Quando chove o campo alaga e os refletores queimaram. Mas o projeto não acabou e logo retomaremos.


ES - Porque todo esse trabalho, dedicação e compromisso?
KM - Gosto de trabalhar com crianças, tanto que eu queria ser professor, mas acabei mudando de ideia. Em 2009, quando viemos morar aqui na Expansão de Samambaia, percebi as grandes dificuldades que teríamos que enfrentar. Não sou de família rica, meu pai é pedreiro e, na época, minha mãe era auxiliar administrativa. Eu tinha uns 10 anos, mas sempre tive o pensamento mais longe. Com o tempo e a experiência me tornei uma liderança para muitos. Sempre escutava as pessoas que moram nas quadras de cima falarem mal das quadras 800 e 1000. Então coloquei na minha cabeça que esse papo não poderia existir, pois aqui tem muita gente batalhadora e sonhadora. Assim adquiri forças pra assumir as responsabilidades que tenho hoje. Tanto que os principais eventos esportivos, culturais e de lazer aqui na expansão, principalmente nas quadras 800/1000, tem meu dedo. Em fevereiro fizemos uma reunião para situar a comunidade sobre os planos para 2019. Em fevereiro recebemos o projeto ‘Curumim Cultural’, coordenado pelo Bruno Lopes. Agora, na Páscoa, vamos representar a Paixão de Cristo na paróquia Nossa Senhora das Graças. Estamos começando organizar o ‘6º Arraiá Manguaça’, para o começo de junho. Estamos mobilizando e recolhendo assinaturas para solicitar um campo de grama sintética e a regularização dos projetos sociais aqui desenvolvidos. Queremos virar referência em esporte, cultura e lazer, reduzir os índices de criminalidade e desenraizar preconceitos que envolvem a Expansão de Samambaia, principalmente as quadras 800 e 1000.


Contatos: (61) 98485.2001 (Kennedy Mikael)
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