Sob suspeita: Empresa que fez doação à campanha de Rollemberg fatura com o Aterro Sanitário em Samambaia


Uma doação oportuna e um contrato que não cheira bem

O jornalista Francisco Dutra, do Jornal de Brasília, revelou na manchete da edição de hoje, sob a manchete: “Algo não cheira Bem: Estrutura e doação põem aterro em xeque”, que uma doação feita pela Construrban ao governador Rodrigo Rollemberg (PSB) está registrada na prestação de contas eleitorais na página eletrônica do Tribunal Regional Eleitoral do DF (TRE-DF). Os recursos foram repassados em duas parcelas. Em 2017, segundo o Sistema Integrado de Gestão Governamental (Siggo), os cofres públicos brasilienses destinaram diretamente à Construrban R$ 1.398.810,61. No cálculo parcial deste ano, a empresa recebeu R$ 1.861.845,94, até 5 de junho. Veja a íntegra da reportagem:

Por Francisco Dutra – O processo de fechamento do Lixão da Estrutural e abertura do Aterro Sanitário de Brasília não cheiram bem. Na campanha eleitoral de 2014, o governador Rodrigo Rollemberg (PSB) recebeu doação de R$ 700 mil da Construrban Logística Ambiental, empresa participante do consórcio responsável pela operação do novo aterro. A verba foi enviada para o diretório nacional do PSB e aterrissou nas contas eleitorais do então candidato ao Governo do Distrito Federal (GDF).


Em janeiro de 2017, o chefe do Executivo abriu as portas do aterro sem contar com um modelo de coleta seletiva sustentável, fundamental para a sobrevivência dos catadores do antigo Lixão. Resíduos que poderiam ser reciclados passaram a ir para o aterro. A renda dos trabalhadores despencou. O aterro recebe mais material, obviamente ganhando mais dinheiro pelo serviço. Da inauguração da unidade até 5 de junho de 2018, o contrato rendeu cerca de R$ 3,2 milhões à operadora. Justamente a Construrban.

A licitação e o contrato do novo aterro foram selados no governo de Agnelo Queiroz (PT), entre 2010 e 2014. Inicialmente, o valor global da contratação do consórcio formado pelas empresas Construrban, GAE e DBO ficou na casa de R$ 82 milhões, pagos parceladamente por serviços prestados. Contudo, o projeto estava parado por entraves técnicos e jurídicos. A gestão Rollemberg desatou os nós para a abertura da unidade, situada em Samambaia.

A doação feita pela Construrban a Rollemberg está registrada na prestação de contas eleitorais na página eletrônica do Tribunal Regional Eleitoral do DF (TRE-DF). Os recursos foram repassados em duas parcelas. Em 2017, segundo o Sistema Integrado de Gestão Governamental (Siggo), os cofres públicos brasilienses destinaram diretamente à Construrban R$ 1.398.810,61. No cálculo parcial deste ano, a empresa recebeu R$ 1.861.845,94, até 5 de junho.

O fim das atividades do Lixão da Estrutural é uma determinação da Política Nacional de Resíduos Sólidos e também de uma ação judicial proposta pelo Ministério Público do DF e Territórios (MPDFT). Além da construção do novo aterro, o sepultamento do Lixão inclui outras medidas, entre elas a reacomodação social e financeira dos catadores de lixo, a implantação da coleta seletiva e a recuperação ambiental da região da Estrutural.

No começo deste ano, o GDF fechou o Lixão ao trabalho dos catadores. A unidade recebe ainda restos da construção civil.

Sequência de coincidências cria clima

Sem pré-julgamentos, o cientista político Valdir Pucci julga que o contrato do Aterro e o processo de fechamento do Lixão necessitam de esclarecimentos e análise dos órgãos de controle. Especialmente, por parte de Rollemberg, eleito com a promessa da nova política, livre de negociatas e com a radicalização da transparência.

Sem um olhar aprofundado, a doação para a campanha pode passar despercebida, pelo fato de ter sido endereçada inicialmente para o PSB nacional. “Até 2014, quando uma empresa queria doar para um político sem que ninguém soubesse, fazia isso pelo diretório nacional. Para esconder mesmo. Mas uma resolução da Justiça Eleitoral passou a forçar a especificação da destinação”, explicou.

O especialista lembra que Rollemberg se empenhou muito em destravar o processo de abertura do aterro. E, ao lado da liberação da orla do Lago Paranoá, o fechamento do Lixão será uma das plataformas na campanha do governador para a reeleição neste ano. Mas por outro lado, não mostrou o mesmo empenho para a implantação da coleta seletiva.

Na interpretação de Pucci, caso o governo não dê explicações consistentes e coerentes, Rollemberg vestirá a carapuça da velha política.

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