Na manhã deste sábado (2/6), a Agência de Fiscalização do Distrito Federal (Agefis) iniciou uma operação de retirada de engenhos publicitários de grande porte no centro da cidade. Entre os equipamentos que se tornaram alvo do governo, está o painel digital pertencente ao grupo Metrópoles. A estrutura, instalada em prédio do Setor Bancário Sul, no coração de Brasília, funciona desde 6 de fevereiro deste ano.
A partir dessa data, o Metrópoles usa o espaço tanto para a divulgação de conteúdos de natureza publicitária, como para a veiculação de serviços e notícias. Entre os assuntos expostos, estão a previsão de tempo, a situação do trânsito, o funcionamento de equipamentos públicos, a programação cultural da capital, além de toda a sorte de assuntos que interessam a comunidade, como a recente crise de desabastecimento que alterou a rotina dos brasilienses.
Entre os temas abordados nas inserções reservadas ao conteúdo jornalístico, as ações do governo não poderiam passar despercebidas aos olhares criteriosos de mais de 150 profissionais da equipe do site de notícias que abastece o painel.
Mas, muito embora o Metrópoles tenha conquistado todas as autorizações exigidas pelo poder público para garantir o funcionamento do veículo, o governador Rollemberg se insurgiu contra a empena digital ao notar a publicação de conteúdo que, eventualmente, fez críticas à sua gestão.
Numa ação silenciosa, mesmo antes de esgotar as instâncias administrativas, o GDF obteve em regime de plantão, junto a uma juíza substituta, decisão para fazer a retirada do painel. O Metrópoles nem sequer teve o direito de apresentar todas as autorizações de funcionamento expedidas pelo próprio poder público.
O painel funcionou normalmente, divulgando informações dos mais variados interesses, até a publicação de conteúdo mais crítico à gestão de Rollemberg, que usou a máquina pública para calar o veículo, uma atitude frontalmente contrária à liberdade de expressão, caracterizando franca censura, o que não ameaça apenas o Metrópoles, mas todos os veículos de comunicação dispostos a contribuir para o debate público.
O início da óbvia retaliação de Rollemberg ocorreu após a veiculação de campanha publicitária contratada pelo SindSaúde, sindicato que representa os trabalhadores do setor. Na peça, que foi ao ar em 16 de maio, os sindicalistas falam em incompetência, omissão e má gestão do governo. Oito dias depois, a Agefis apresentou notificação para que o Metrópoles desligasse o painel, alegando desconformidade com as regras e ignorando que o próprio poder público foi quem autorizou o funcionamento do veículo.
A pretexto de disfarçar censura ao Metrópoles, Rollemberg ordenou também a retirada de painéis publicitários vizinhos ao do jornal eletrônico, alguns deles em funcionamento há mais de 20 anos.
O governador Rollemberg lançou mão de expediente antidemocrático, característico de regimes ditatoriais na tentativa de calar um veículo de comunicação que, desde a sua fundação, em setembro de 2015, adota postura de independência em relação ao Palácio do Buriti.
Denunciamos recorrentemente em nossa plataforma digital a total precariedade dos serviços públicos prestados pelo GDF, nas suas mais diversas atuações. Fazemos uma vigilância sistemática da falta de estrutura a que os cidadãos estão submetidos quando precisam de hospitais, escolas e transporte público, além das forças de segurança sucateadas pela falta de investimento do governo.
Ao Metrópoles se soma um exército de milhares de brasilienses que – indignados com a inoperância de um governo que há três anos no poder se escorou no discurso de culpar a gestão anterior para disfarçar sua própria incompetência e falta de capacidade de gestão – nos subsidiam com reclamações, denúncias e pedidos de socorro.
Um desses apelos nós estampamos recentemente no painel, agora objeto da fúria de Rollemberg. Publicamos em nosso site, e reproduzimos na empena, o drama do pequeno Mateus. Com poucos dias de vida, os médicos diagnosticaram uma má-formação cardíaca no bebê.
A mãe da criança conseguiu na Justiça duas decisões determinando a imediata disponibilização de leito em UTI pediátrica. Sem a divulgação do caso até aquele momento, a ordem judicial acabou ignorada. E não tinha sido o suficiente para gerar no governador o senso de urgência que a situação exigia.
Foi quando recebemos um apelo desesperado de Larissa, a mãe de Mateus. Imediatamente, o Metrópoles iniciou uma campanha para ajudar a criança e usou todos os meios disponíveis, inclusive o painel, exibindo a seguinte notícia: “Governador Rollemberg, ajude a salvar o Mateus. Ele precisa de uma UTI urgentemente”.
FONTE: METROPOLES
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