O racionamento de água acaba na próxima sexta-feira (15), três dias após a Câmara Legislativa do DF revogar o aumento de 2,99% na conta, autorizado pela Agência Reguladora das Águas (Adasa) em maio. Mesmo com o valor da fatura mantido e água disponível nas torneiras, a recomendação da Companhia de Saneamento (Caesb) ao brasiliense é manter a cultura de economia.
O objetivo do reajuste era compensar as perdas Caesb, já que a venda de água esteve em baixa durante a crise hídrica. Mas, hoje, os deputados anularam a medida via decreto legislativo publicado no Diário Oficial da CLDF.
O aumento de quase 3% na conta deveria ter sido aplicado no início deste mês, em duas etapas — haveria reajuste de 2,06% para compensar perdas com racionamento e outro de 0,93% para perdas com inflação. A medida estava suspensa para apresentação de recursos.
A Adasa analisou o argumento do governo, referente ao racionamento, e suspendeu o aumento, que seria de 9,69%. Quanto à inflação, a própria Caesb concluiu que não aplicaria o aumento, em assembleia.
Fim prematuro
Com o fim do racionamento, acaba o rodízio e a população pode utilizar água livremente, pelo mesmo preço. A medida é criticada pelo coordenador dos cursos de Engenharia Civil e Ambiental da Universidade Católica de Brasília, Marcelo Resende.
“É prematuro. Só teremos segurança hídrica quando tiver aumento no volume de água tratada chegando às residências. Isso ocorreria com as águas de Corumbá IV participando do abastecimento, mas trata-se apenas de uma projeção do governo”, analisa. “Teremos mais quatro meses sem chuvas”, acrescenta, ao citar o próximo período de seca.
Para a Caesb, porém, este é o momento certo de pôr fim ao racionamento. “A população colaborou e os resultados estão aí. Os níveis dos reservatórios do Descoberto e de Santa Maria estão bem acima dos do ano passado e a Caesb colocou água nova no sistema”, defende o presidente da companhia, Maurício Ludovici.
Ontem, o nível do reservatório do Descoberto estava em 92,9% e o de Santa Maria em 60,1%. De acordo com a estatal, o consumo de água por pessoa durante um dia caiu para 129 litros no ano passado. Em 2016, o volume individual era de 147 litros. Ainda não há levantamento do consumo neste ano.
Pressão reduzida
Após o dia 15 de junho, a pressão da água permanecerá reduzida nas residências. Segundo a Caesb, a medida faz parte de um pacote de melhorias feitas nas redes de distribuição. “Estamos substituindo tubulações, instalando válvulas de redução de pressão e construindo distritos de controle de medição, além de setorizar as redes de distribuição e substituir hidrômetros”, detalha Ludovici.
A redução na pressão da água é considerada “um procedimento normal” pela Caesb. “Acreditamos que a população incorporou um novo hábito e passou por uma mudança de cultura de uma maneira dura, no início, por causa do racionamento. Mas a partir de agora, o desperdício tem de ser zero”, declara Maurício Ludovici.
Na próxima sexta-feira (15), o fluxo de água ficará estável em todas as regiões administrativas, de acordo com a Caesb. Quarta-feira é o último dia de racionamento, de acordo com o cronograma convencional.
A seca vem aí
Para Sônia Maria de Sousa, 26, o fim do racionamento será uma “bênção”. “Moro no P Sul e vejo muita gente sem caixa d’água que chega do trabalho, cansado, e não tem água. Eu já me esqueci de quando o racionamento ia começar e fiquei sem banho”, exemplifica a vendedora. O publicitário Ronaldo Carvalho Silva, 45, contesta: “pela época do ano, acho precipitado. A seca vem aí”, opina.
O taxista José Gomes, 65, acredita que o rodízio deveria continuar. “É melhor manter para a água não acabar durante a seca. A população está adaptada e um novo racionamento será desgastante”, alerta. A manicure Maria Egídio de Souza, 41, está aliviada com a medida. “Só em pensar em ficar sem água, já me sinto mal. Acho ótimo que a água volte para todos”, expõe.
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