Até 70% das mulheres sofrem violência doméstica ao longo da vida. A agressão praticada por um parceiro íntimo, como espancamento, estupro e outras condutas abusivas, é a forma mais comum de violência sofrida pelas mulheres no mundo. A empresária Maria (nome fictício), 29 anos, entrou para a estatística ao ser agredida pelo ex-companheiro. O crime aconteceu na noite dessa terça-feira (13) no estacionamento do supermercado Fort Atacadista, em Ceilândia.
Segundo Maria, ela se envolveu com o homem por cerca de um mês. O suficiente para sofrer as agressões. “Assim que nós nos conhecemos, ele bateu o carro. Como ele precisava do carro para trabalhar, eu resolvi emprestar o dinheiro para o conserto”, explica. Desde o mês de março, a vítima só recebe promessas de que iria receber a quantia, mas nada disso aconteceu. “Eu cobro há dois meses. Ele sempre falava que todo dia 15 iria me pagar, mas, como não pagou, resolvi cobrar pessoalmente em seu trabalho”, afirma Maria.
Ao chegar ao local, a empresária perguntou quando o homem podia acertar a dívida de R$ 1 mil. Ele, porém, não aceitou ser cobrado e a agrediu ali mesmo. “Quando ele pegou em meu braço, eu fui sair e esbarrei no retrovisor do carro dele, que se quebrou. Não satisfeito, ele veio atrás de mim e começou a me dar socos e chutes”, conta.
Polícia
A mulher chegou a acionar a Polícia Militar no momento do ocorrido. Mas, segundo ela, nenhuma viatura foi até o local.
A mulher chegou a acionar a Polícia Militar no momento do ocorrido. Mas, segundo ela, nenhuma viatura foi até o local.
A assessoria de comunicação da PM informou que localizou a ocorrência no sistema, mas que os militares não encontraram nenhuma situação relacionada a violência contra mulher.
A ocorrência foi registrada na 24ª Delegacia de Polícia, no Setor O, que investiga o caso e encaminhou a vítima para o Instituto Médico Legal (IML) para realizar o exame de corpo e delito. Até a publicação desta reportagem, o rapaz não havia sido autuado de alguma forma.
Sentimento de impotência
Os sentimentos de impotência, vergonha e tristeza tomam conta de Maria. “Eu me senti péssima. Até porque, no momento das agressões, muitas pessoas viram, filmaram, mas ninguém fez nada”, lamenta.
Os sentimentos de impotência, vergonha e tristeza tomam conta de Maria. “Eu me senti péssima. Até porque, no momento das agressões, muitas pessoas viram, filmaram, mas ninguém fez nada”, lamenta.
Ela diz ter pedido ajuda a um outro homem, que teria mandado a moça se retirar. “Ele não quis saber, somente pediu que eu me retirasse dali. Agora estou com as pernas roxas e mal consigo sentar”, disse.
O que Maria espera é que a Justiça seja feita. Não pelo dinheiro que o ex-namorado a deve, mas por sua integridade. “Quero que tudo se resolva, não pela dívida, mas pelas agressões. Toda semana eu vou ao mercado. Agora não tenho mais cara para aparecer lá”, finaliza.
A reportagem procurou o suspeito, mas, ao se identificar pelo telefone, o homem desligou e não atendeu mais as ligações.
Mercado se exime
Ao Jornal de Brasília, a assessoria de imprensa do Fort atacadista alegou que os funcionários que presenciaram a situação não podiam ajudar porque não sabiam o que estava acontecendo. “Quando tomamos conta de que se tratava de agressão, fomos ajudar e separar a briga. Antes disso, não tinha o que fazer, até porque o segurança trabalha na parte externa do estabelecimento”, argumentou a assessoria.
Ao Jornal de Brasília, a assessoria de imprensa do Fort atacadista alegou que os funcionários que presenciaram a situação não podiam ajudar porque não sabiam o que estava acontecendo. “Quando tomamos conta de que se tratava de agressão, fomos ajudar e separar a briga. Antes disso, não tinha o que fazer, até porque o segurança trabalha na parte externa do estabelecimento”, argumentou a assessoria.
Terceirizado foi demitido
O segurança envolvido, identificado como André Luiz Alves, era terceirizado pela empresa Intellingence Serviços. Os proprietários publicaram uma nota informando que ele foi desligado da empresa por conta do ocorrido.
O segurança envolvido, identificado como André Luiz Alves, era terceirizado pela empresa Intellingence Serviços. Os proprietários publicaram uma nota informando que ele foi desligado da empresa por conta do ocorrido.
“A empresa Intellingence Serviços demitiu o funcionário André (segurança noturno) das atividades funcionais em virtude do envolvimento do mesmo em vias de fato (briga), na noite de 13 de junho, durante o horário de serviço. A empresa não compartilha com esses tipos de atitudes e se resguarda no direito da preservação de imagem da equipe de apoios de segurança”.
Agressões contra mulher
De acordo com a Secretaria de Segurança Pública do DF, das 14.806 ocorrências de violência doméstica em 2017, em todas os autores foram identificados. Existem 16.074 autores identificados. Houve a reincidência de 1.411 autores, 8,8% do total.
De acordo com a Secretaria de Segurança Pública do DF, das 14.806 ocorrências de violência doméstica em 2017, em todas os autores foram identificados. Existem 16.074 autores identificados. Houve a reincidência de 1.411 autores, 8,8% do total.
No 1º trimestre do ano 2018, das 3.789 ocorrências, em todas também foram identificados os autores. Existem 4.123 agressores identificados. Houve reincidência de 164 autores, 4% do total (foram autores em duas ou mais ocorrências).
0 comentários:
Postar um comentário