Com mais de um ano em funcionamento, o Aterro Sanitário de Brasília, que fica na DF- 180 entre Ceilândia e Samambaia, já recolheu quase meio milhão de rejeitos. Com o encerramento do Lixão da Estrutural, em janeiro, são 2,7 mil toneladas de lixo levadas diariamente por 150 caminhões compactadores ou carretas.
Inaugurado em janeiro do ano passado, o aterro funcionou em conjunto com o Lixão da Estrutural por um ano, recebendo apenas 30% do que era despejado. Em 2017, foram 252.704 toneladas aterradas. A partir de 20 de janeiro deste ano, o local passou a abrigar todos os rejeitos produzidos na capital. “Conforme preconizado na Política Nacional de Resíduos Sólidos, só podemos receber rejeito, que é tudo aquilo que não se recicla”, explica a gerente do ASB, Francisca Dutra.
Na teoria é isto, mas, na prática, Francisca confessa que muito do que chega ao aterro tem potencial de reciclagem: “Tudo que é recolhido pela coleta convencional vem para cá. Se uma casa não faz coleta seletiva, tudo vai chegar aqui”.
Atualmente, o Distrito Federal conta com quatro áreas de transbordo – pontos de transferência dos resíduos dos caminhões compactadores para carretas que comportam uma quantidade maior de resíduos. Estão na Asa Sul, Sobradinho, Gama e Brazlândia.
“A coleta convencional é caracterizada como algo que não pode ser reciclado, é o rejeito. Então a população tem que ter essa consciência da separação”, pondera. Assim, Francisca aponta que, em sua maioria, o lixos que chega ao aterro pode passar por três triagens: “da população, dos catadores nos galpões e nas áreas de transbordo”.
Diferenças com o lixão
Proteção do solo e ausência de catadores e de animais. Essas são as principais diferenças entre o Lixão da Estrutural e o Aterro Sanitário de Brasília, conforme a gerente do aterro. “Antes de iniciar qualquer atividade de disposição de rejeitos é feita a proteção no solo. Existe uma manta de polietileno de alta densidade, conhecida como geomembrana, instalada para evitar que esse material chegue ao solo e ao lençol freático. Abaixo dela ainda tem uma camada de 1,5 m de solo argiloso compactado”, indica.
No solo também são instalados drenos para captar o chorume. O líquido segue para um reservatório e depois para a Caesb, onde é diluído junto ao esgoto. Já o gás, que possui grande concentração de metano, é queimado para diminuir o seu potencial poluidor.
“Existe projeto para usar esse gás no aproveitamento energético. Não foi contratado nem está em execução, mas será, porque é uma condicionante da nossa licença de operação”, garante Francisca.
Vida útil de dez anos
O aterro está em uma área total de 76 hectares, sendo 32 disponíveis para o descarte dos rejeitos. Atualmente, os 110 funcionários operam em 11 hectares. Por receber 2,7 mil toneladas por dia, a expectativa é que sua vida útil seja dez anos, quando irá comportar oito milhões de toneladas. “Uma vez esgotada, não tem possibilidade de uso para disposição de rejeito. Hoje o GDF busca uma área adjacente, vizinha, que tem a possibilidade de triplicar a vida útil do aterro sanitário”, afirma Francisca.
Para que a área tenha maior vida útil, é preciso aumentar a eficiência na coleta seletiva. “Podemos diminuir a quantidade de lixo a ser enviada para cá. Quanto maior a eficiência na coleta seletiva, melhor será”, completa.
Dois anos antes do encerramento do aterro, o SLU deverá indicar qual será a destinação daquela área – que não pode ser habitada.
Caminho do lixo
Os 150 caminhões que vão ao aterro diariamente gastam até 20 minutos para despejar os rejeitos. O ponto inicial é a balança em que faz a pesagem. De lá, seguem para a área de disposição dos rejeitos. “Lá os veículos descarregam o material, e em seguida as máquinas vão entrar com o trabalho de compactação. Em conjunto, construímos drenos de chorume e de gás para retirar a parcela poluente”, detalha a gerente do aterro.
Uma vez que o lixo atinge uma altura de cinco metros compactado, os funcionários realizam uma cobertura de 30 centímetros de solo. “É uma cobertura diária para evitar a proliferação de vetores e a dispersão de odores, além de minimizar a quantidade de chorume gerado”, completa. Hoje, há aproximadamente uma altura de 15 metros de rejeito, em que a capacidade chega a 45 metros.
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