Uma volta pela cidade e, à primeira vista, poucos terrenos vazios escapam do acúmulo de entulhos de construção, eletrônicos quebrados, pneus e móveis velhos. Para Wilson Alencar, que mora em Samambaia há 28 anos, a situação preocupa. “Tem lixo em toda parte. É nojento, atrai animais e a cidade fica horrível”, observa. Alencar reconhece, no entanto, que o problema é a falta de conscientização da população: “A administração até tenta, mas sempre tem gente jogando entulho na rua. Falta educação ao povo daqui”.
O que falta também é fiscalização. Uma lei distrital sancionada em abril de 2012 prevê multa para quem jogar lixo na rua. A tarefa de ficar de olho nos sujões é da Agência de Fiscalização (Agefis), mas o número nem sempre suficiente de funcionários atrapalha a empreitada. Uma única unidade do órgão é responsável por fiscalizar Samambaia, Taguatinga, Ceilândia, Brazlândia e Vicente Pires. Isso quer dizer que são 75 inspetores para fiscalizar uma população de mais de 1,1 milhão de pessoas. O valor da multa pode chegar até R$ 11 mil, dependendo do tipo de lixo descartado em área irregular, da quantidade e do local.
O lixo que tanto incomoda é um problema antigo, porém recorrente, reconhece o administrador da cidade, Claudeci Xavier. Ele garante que a limpeza está na pauta das prioridades: “Os entulhos e qualquer situação que deixe a nossa cidade suja é uma preocupação nossa. Junto com o Serviço de Limpeza Urbana (SLU) queremos trazer para a nossa cidade os Pontos de Entrega Voluntária (PEVs), conhecidos como Ecopontos, para que as pessoas possam descarregar outro tipo de lixo que não seja o doméstico”.
Novo aterro, mais lixo a caminhoMas o lixo na rua não é a única preocupação de quem mora na cidade. O GDF retomou as obras do Aterro Sanitário Oeste, localizado em Samambaia, que estavam paradas desde 2014. A população não vê com bons olhos a construção do espaço, que vai substituir o Lixão da Estrutural. Com 76 hectares, a previsão é que o aterro esteja pronto em 2016, com vida útil estimada em 13 anos e com capacidade de receber 8,1 milhões de toneladas de despejos.
Os moradores estão contra a chegada do aterro. Defendem que cada RA tenha o seu próprio local para receber o lixo que produz. A preocupação dos moradores é com o impacto ao meio ambiente, além da utilização das vias da cidade pelos caminhões de lixo. “Não acreditamos que o governo tenha estrutura para cuidar desse aterro. Se nem a limpeza urbana funciona…”, ressalta o professor de taekwondo William Lima, morador da cidade desde 1989.
Para Edy Carlos Silva, o problema vai além. Segundo o assistente legislativo, como Samambaia é rota dos aviões, os possíveis urubus atraídos pelo aterro colocam em risco as aeronaves. Segundo ele, o Comitê Nacional de Prevenção de Acidentes Aeronáuticos (CNPAA) já encaminhou ofícios ao GDF chamando a atenção para o problema. Mas a Secretaria do Meio Ambiente garante que todos os estudos de impacto ambiental na região foram feitos e que é improvável a presença das aves no local. Explica que todo o lixo orgânico será separado e que caso aves sejam atraídas, as eventualidades serão tratadas pontualmente.
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