Em tempos de desabastecimento, o medo de ficar com tanque seco mobiliza motoristas pelo Distrito Federal. Eles chegam a ficar mais de seis horas em filas quilométricas em busca de qualquer quantidade de combustível para fazer o motor funcionar. Nos últimos dias, os brasilienses passaram a buscar gasolina também a pé, munidos de galões. Nesta segunda-feira (28), oitavo dia de greve dos caminhoneiros, o Jornal de Brasília flagrou a venda do recipiente, mas postos começam a recusar a venda.
Erimar Dantas, comerciante de 30 anos, diz que a intenção é ajudar, já que vende abaixo do preço de custo. “Estou tentando amortecer meu prejuízo por pagar tão caro na gasolina com a venda de galões. Ao mesmo tempo, ajudo o pessoal que precisa ser socorrido ou tem a intenção de socorrer a família”, conta.
Em menos de 24 horas, 80 recipientes foram vendidos por R$ 6. Nos postos, os galões de cinco litros são comercializados por até R$ 20. Nesta segunda, Erimar saiu do Gama, onde mora, e passou por estabelecimentos na Estrutural, em Taguatinga e no Guará. Se convertesse tudo em gasolina, vendida a R$4,88, o lucro do comerciante seria de 98 litros de combustível.
Restrição a galões
Após confusões, postos de combustíveis começam a parar de vender para pedestres com galões. No trecho 3 do Setor de Indústria e Abastecimento (SIA), o último cliente era o técnico em comunicações José Ivani, de 49 anos. No fim de semana, ele chegou a ficar sete horas em Planaltina para abastecer a R$ 5. “Tenho meio tanque, vou pegar mais 15 litros para garantir que não vou ficar sem. Essa situação é toda complicada. O salário não aumenta”, reclama.
De acordo com gerentes de postos ouvidos pela reportagem, havia motoristas que buscavam gasolina em galões para abastecer nas filas, o que prejudicava toda a cadeia de produção. Em Taguatinga e no Gama, pedestres chegaram a brigar. Para evitar transtornos, eles decidiram deixar de vender nos recipientes. Nas bombas de combustíveis de postos na Asa Sul, Guará, SIA e EPTG, o aviso foi colado.
Para o militar Diego Cavalcante, 30 anos, isso deve ajudar na organização dos estabelecimentos. “Existe uma preferência para quem está com galão, e sofre quem enfrenta a fila”, diz. Antes da mobilização que causou desabastecimento, ele chegou a pagar até R$ 4,53. Agora, ele deve completar o tanque do veículo por 0,30 a mais por litro.
FONTE: JORNAL DE BRASILIA
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