No Distrito Federal, diariamente, 1 milhão de pessoas precisam andar de ônibus, pelo menos uma vez. Só na Rodoviária do Plano Piloto, a estimativa do Transporte Urbano do DF (DFTrans) é de que a circulação de pessoas chegue a 700 mil todos os dias. No local, a população encontra transporte para todas as regiões administrativas. Mas há quem reclame de esperar por mais de 40 minutos na fila para chegar ao destino.
Nota oficialEm nota, o DFTrans informou que “o número e os horários dos ônibus são definidos a partir de estudos técnicos e de campo, de modo que, sempre que necessário, é feita a expansão da oferta”. O Departamento destacou ainda que o acompanhamento para verificar se a população está sendo atendida é feito constantemente pelos técnicos, seja por meio de estudos de campo ou pela análise das manifestações de usuários que chegam pela Ouvidoria.
Ainda de acordo com a nota, o DFTrans verifica o estado de conservação dos 3.197 ônibus existentes no DF. Desses, 90% são relativos aos ônibus que começaram a circular em 2013, com a licitação que renovou o sistema. Ou seja, são veículos com, no máximo, três anos de uso. Os outros 10% são compostos por micro-ônibus de cooperativas, cuja renovação da frota deve acontecer em sua plenitude até o final deste ano.
Essa realidade Abadio da Costa Tavares, de 62 anos, conhece bem. Morador de Brazlândia há quase 20 anos, ele se levanta todos os dias antes do sol nascer. Precisamente às 3h, ele dá início a sua rotina diária. Como mora sozinho, é ele quem faz tudo dentro de casa. De lá até a parada são dez minutos de caminhada. E, depois, mais uma hora e meia dentro de um coletivo até chegar ao Hospital Sarah Kubitschek, onde trabalha como operador de manutenção.
“Preciso sair de casa muito cedo porque nunca sei como estará o trânsito. Além do mais, aqui em Brazlândia é muito ruim de ônibus. Se a gente perde um, demora pelo menos 40 minutos até pegar o próximo. Isso se não estiver lotado”, disse Abadio.
Mesmo saindo do serviço no meio da tarde, Abadio reclama que só consegue entrar em casa após o anoitecer. “Costumo pegar o ônibus na Rodoviária para evitar fazer todo o trajeto em pé”, revela. “Sei que a distância é grande, mas se tivéssemos conduções melhores dava para aproveitar o pouco tempo que sobra para a gente”, destaca.
Outro que conhece bem a realidade de tempo gasto dentro de um ônibus é o estudante de jornalismo Ricardo Vaz, 23 anos. Durante três anos de sua vida ele saiu de Padre Bernardo (GO) para estudar no Pistão Sul, em Taguatinga. Ele conta que aproveitava o trajeto, de duas horas, para estudar e realizar as tarefas da faculdade. “Gastava todos os dias quatro horas só no trajeto casa – faculdade – casa”, explica. Com o estresse acumulado desenvolveu Transtorno de Ansiedade Generalizada (TAG). “Sentia pânico de ficar muito tempo preso. Como chegava muito tarde em casa, acordava tarde também. Procurei ajuda médica e acabei sendo diagnosticado com a doença”, disse o estudante.
Após a mudança (atualmente ele mora em Taguatinga Sul), Ricardo conta que as dificuldades com transporte não foram encerradas, mas parte delas diminuiu e a saúde melhorou.
Filas sempre enormes
Antônio José Ferreira, de 50 anos, usa quatro coletivos por dia. Ele mora em Planaltina e trabalha em São Sebastião. Para entrar no serviço, às 7h30, acorda três horas antes. “É muito corrido, o despertador toca e tem que levantar na hora. Mas é o jeito para quem precisa trabalhar, né?”, diz o operador de máquinas.
Ele destaca que quem depende do transporte coletivo ainda passa muita dificuldade. “A gente escuta falar que os ônibus circulam, mas não é bem assim não”, revela, enquanto aguarda o transporte na fila da Rodoviária. “Planaltina tem muita gente e as filas são sempre enormes. Às vezes, tem que ir apertado porque, se perder um, demora muito até passar o próximo”, diz.
Para muitos usuários, quando se fala de transporte público a reclamação é unânime: não tem ônibus suficiente para atender a demanda. E muitos dizem que, nos últimos tempos, a frota parece ter diminuído ainda mais.
FONTE: JORNAL DE BRASILIA
FONTE: JORNAL DE BRASILIA
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