Crianças e adolescentes são maioria entre vítimas de estupro no DF

No Distrito Federal, o número de estupro de vulneráveis nos últimos dois anos foi quase o dobro do praticado contra as outras faixas etárias.
Ceilândia, com casos; Samambaia, com 292; e Sobradinho, com 237, lideraram o ranking de 2017, segundo levantamento da Corregedoria-Geral do Ministério Público do DF e Territórios (MPDFT).
De acordo com o levantamento, familiares e pessoas próximas, com quem as crianças deveriam se sentir mais protegidas, são os principais autores de violência sexual. Eles aproveitam da proximidade para cometer os seus crimes.
Em 2017, foram 1.301 novos casos de estupro de vulneráveis recebidos pelo MPDFT, contra 1.321 no ano anterior, uma redução de menos de 2%.
Já em relação às demais faixas etárias, o número aumentou. Foi de 645 em 2016 para 733 em 2017, um crescimento de 13%.
Os números revelam que os crimes sexuais envolvendo crianças e adolescentes foram 77% maior em 2017 em comparação com o restante da população.
“Normalmente, o abuso envolve uma relação de confiança, um pacto de silêncio. Por isso, muito casos só são revelados anos depois. Nesse contexto, nem sempre a família percebe os sinais. Mas alguns são típicos: dificuldade para dormir, sono perturbado, insônia, agressividade sem motivo aparente, avanço precoce do desenvolvimento sexual, baixo rendimento escolar, depressão, isolamento, falta de interação, rejeição de determinadas pessoas”, alerta a coordenadora dos Núcleo de Direitos Humanos do MPDFT, promotora de Justiça Liz-Elainne Mendes.
Na dúvida, procure ajuda
Muitas vezes, a família não tem certeza se a criança ou o adolescente foi vítima de abuso sexual. Nesse caso, a promotora Liz-Elainne explica que a melhor opção é buscar apoio psicológico.
“Quando há a confirmação é importante buscar a rede de proteção. Primeiro, a rede de saúde e depois o acolhimento, seja pelo Conselho Tutelar, Delegacia de Proteção à Criança e ao Adolescente e até mesmo o Ministério Público, que vai atuar de maneira repressiva para interromper a situação de abuso, mas também inserir essa criança e essa família no mecanismo de proteção”, completou.
Para Liz-Elainne, a educação é a maior arma contra esse crime. “É difícil trabalhar em prevenção quando o assunto é um tabu. A sexualidade deve ser tema de diálogo em casa e na escola. Com a metodologia adequada, a criança deve aprender o que é abuso sexual para que possa reagir e ser a primeira a se proteger”, completou.
A legislação penal foi alterada e o prazo prescricional para esse tipo de crime só começa a contar quando a vítima atinge a maioridade.
O Ministério Público preparou um folder com explicações sobre identificação e enfrentamento do crime.
Fonte: MPDFT
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