O setor produtivo vem comemorando o anúncio do término do racionamento no Distrito Federal. Em um ano e quatro meses de cortes semanais no abastecimento, o comércio teve de investir para garantir água nas torneiras das lojas. Muitas empresas pequenas não tiveram como arcar com os custos e acabaram fechando as portas. O rodízio de abastecimento chega ao fim em 15 de junho e, em comemoração a isso, representantes de sindicatos e associações ligadas ao setor produtivo lançaram vídeos e publicações celebrando o que eles acreditam ser uma retomada da economia local.
Bares, restaurantes, pet-shops e salões de beleza foram os que saíram mais prejudicados pelo racionamento, segundo a Federação do Comércio de Bens, Serviços e Turismo do Distrito Federal (Fecomércio-DF). Adelmir Santana, presidente da entidade, conta que estimativa divulgada pela instituição no ano passado indicou que cada dia de suspensão do abastecimento acarretava em queda de 10% das vendas. “A falta de água em determinado momento gera redução da produção, o que, naturalmente, acaba causando demissões. A recuperação dessas vagas não será imediata, é um processo longo para agora voltar a ter admissões”, explica.
O presidente do Sindicato do Comércio Varejista do Distrito Federal (Sindivarejista-DF), Edson de Castro, afirma que o setor que ele representa recebeu a notícia da normalização nas torneiras com muita animação. Ele acredita que o maior impacto ocorreu no começo do rodízio, pois, nos últimos meses, a categoria aprendeu a se adaptar. “Num primeiro momento, houve investimentos para colocar novas caixas-d’água, foi ali o maior prejuízo, pois quem não tinha condições teve perdas e acabou até fechando as portas. Mas, após isso, conseguimos nos adaptar e sofrer menos com o impacto dos cortes”, diz.
Investimentos
A empresária e chef de cozinha Lídia Nasser comanda o Empório Árabe, a Dolce Far Niente e o MaYuu Sushi e relata que o prejuízo se tornava maior quando o corte de água ocorria em fins de semana. “Compramos mais caixas-d’água e tivemos de parar de usar a máquina de lavar, por exemplo, que foi substituída pelo trabalho manual. Mas o problema era maior ainda quando os cortes ocorriam nos dias de grande movimento, pois chegamos a ter de contratar caminhões-pipa, pelo custo de R$ 300, para garantir que não faltasse água”, explica. O maior gasto de Lídia foi no restaurante japonês, pela preparação de carnes cruas, que necessitam de mais água para garantir a higiene.
“Recebemos a notícia do fim do racionamento com muita felicidade, mas esse período de cortes fez com que criássemos mais conscientização com o uso dos recursos hídricos, aprendendo a economizar e racionalizar o que temos”, garante. O presidente do Sindicato de Hotéis, Bares e Restaurantes (Sindhobar-DF), Jael da Silva, conta que, assim como Lídia Nasser, muitos empresários investiram para que os clientes não achassem que o serviço estava perdendo qualidade. “Muitos restaurantes acabaram oferecendo materiais descartáveis nos dias de corte, o que não era bem-visto, por isso houve grande sacrifício para investir e garantir água a fim de não perder a clientela e manter a qualidade e a higiene dos produtos”, explica.
O secretário de Economia do DF, Valdir Oliveira, conta que, devido aos prejuízos, vinha sentindo a pressão do setor produtivo para o término do rodízio. Por isso, ficou muito feliz quando os estudos feitos pelo governo mostraram que existe segurança para colocar um ponto final no racionamento. “99% da economia local é formada por micro e pequenas empresas, que foram as mais afetadas. O pequeno empresário vive de faturamento, e a crise começou a impedir que isso ocorresse, além de aumentar o custo da operação”, explica. Em medição na tarde de ontem, o reservatório do Descoberto subiu para 91,6%, enquanto o de Santa Maria marcou 57%. Até 31 de dezembro deste ano, o Governo de Brasília espera colocar em funcionamento uma nova captação de água, a de Corumbá IV, que está com 70% das obras concluídas.
fonte: correio braziliense
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