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Sem anestesia, hospital de Samambaia não podem realizar cirurgia

A principal anestesia usada para procedimentos cirúrgicos na rede pública do Distrito Federal desapareceu dos estoques. Por mês, os hospitais da capital usam uma média de 235 frascos de Sevoflurano, o equivalente a 58 litros do medicamento em adultos e crianças. Cirurgias tiveram de ser adiadas até a normalização da situação. Sete meses depois do previsto, a promessa é de que 935 frascos cheguem emergencialmente ainda hoje na rede, com abastecimento garantido por até quatro meses. Depois disso, a compra regular deve ser retomada.
Médico anestesiologista da Secretaria de Saúde, Pablo Guttemberg conta que a secretaria tentou viabilizar o processo de compra do líquido associado a um equipamento para vaporização. “Tem todo um processo de compra, toda uma burocracia. Por conta disso, notou-se uma demora no abastecimento”, diz. O estoque, porém, não esperou e começou a zerar em algumas unidades. “Fizemos realocação e distribuímos entre os hospitais da rede”, completa. Foram três meses de contingência.
Normalmente, segundo o médico, o processo de compra é disparado quando há apenas 30% do estoque. Isso teria ocorrido em setembro. “Mas houve mudança no contrato, que teve que ser ajustado para incluir os vaporizadores. O pregão saiu em dezembro, mas, por uma série de questões técnicas, nenhuma empresa se manifestou”, afirma anestesiologista. O contrato emergencial foi contemplado no fim de março, assinado na segunda-feira passada e o prazo para entrega dos medicamentos é de 20 dias. Apesar disso, a representante da empresa teria garantido ao especialista que a entrega deve ocorrer ainda hoje.
Pacientes prejudicados
Cirurgias eletivas tiveram de ser suspensas. “Eu não tenho a mínima ideia de quando vai ser a cirurgia. Neste momento meu fígado está em sofrimento porque tem um cálculo obstruindo a passagem de líquido e posso ter falência de alguns órgãos se demorar muito”, conta uma mulher de 48 anos que prefere manter o anonimato.
Há 45 dias ligaram dizendo para ela ir à internação para cirurgia, mas o procedimento não foi feito: não tinha médico anestesista. Quinze dias depois, reagendaram para a última terça-feira. “Eu liguei para confirmar e informaram que estava faltando anestésico. Sinceramente, pensei em comprar, mas infelizmente não se pode fazer isso. Pela internet custa R$ 15 o frasco”, conta.
Apesar do relato, a pasta diz que cirurgias não foram suspensas pela falta do medicamento. “Postergamos o máximo possível o que era possível”, informou Guttemberg. Isso ocorrereu no Hospital Materno Infantil de Brasília (HMIB) e nos regionais da Asa Norte (Hran) e do Gama (HRG). A situação já estaria normalizada.
“Essa anestesia é inalatória e não pode faltar por conta do centro cirúrgico, mas está em falta na farmácia central, então o desabastecimento é geral”, revela uma servidora da rede que pediu que a identidade fosse preservada. Quando esgotam nos estoques dos hospitais, o anestésico pode ser adquirido por compras emergenciais – se houver verba e período específicos. Sem essa estratégia, unidades de saúde emprestam frascos do medicamento para garantir que cirurgias não sejam canceladas.
Ontem, o Jornal de Brasília apurou que os estoques do Hran e da Asa Norte estavam com estoques zerados. No de Taguatinga havia quatro frascos. No de Samambaia, dois. Segundo o representante da Secretaria de Saúde, as unidades com atendimento pediátrico foram os que mais sentiram a falta de medicação. “Isso não deve mais acontecer, mas quem está na ponta fica angustiado mesmo. No processo regular de compra consideramos estoque para um ano, mas depende do prazo de validade”.
Hospital de Base (Ar-condicionado)
Menos de um mês atrás, o motivo de cancelamento de cirurgias foram problemas no ar-condicionado do Instituto Hospital de Base (IHB). A maior unidade da rede pública da capital ficou mais de 15 dias sem o equipamento por falta de manutenção. Segundo a Secretaria de Saúde, o sistema central de refrigeração do IHB está sendo revitalizado, mas o ar-condicionado do centro-cirúrgico foi restabelecido e as cirurgias eletivas e emergenciais ocorrem normalmente.
PONTO DE VISTA
“Se não tem medicação não tem como fazer indução anestésica e cirurgias são canceladas. Um hospital que trabalha com pronto-socorro e cirurgia de emergência tem que ter medicação, senão o paciente vai a óbito”, avalia Gutemberg Fialho, presidente do Sindicato dos Médicos. Representante do Sindicato dos Servidores da Saúde (Sindsaúde), Marli Rodrigues garante que a situação é pior do que parece: “É muito triste ver o desespero do servidor, que se desdobra para tentar manter serviços com condições de trabalho precárias”.
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