Menino assassinado viveu em meio a conflitos familiares desde o nascimento

O adeus a Henzo Gabriel da Silva de Oliveira será nesta quarta-feira (7), às 11h, no cemitério Campo da Paz, em Santo Antônio do Descoberto (GO). A mãe, Luana Alves, continua presa pela acusação de assassinato, junto ao companheiro, Wesley Messias. Apesar de ter dois pais – o biológico e outro na certidão de nascimento –, nenhum deles conseguiu proteger a criança e evitar a tragédia.
Fábio Silva, 29, registrou o menino pouco depois do nascimento, pois o relacionamento com Luana começou durante a gravidez. Devido às discussões, os dois se separaram quando Henzo tinha 9 meses. A guarda do bebê ficou com Fábio, que contou com a ajuda da mãe, Regiane da Silva, 60, para criá- lo enquanto todos moravam juntos.
A mulher não consegue lembrar da criança sem se emocionar: “Não era um neto, mas um filho. Ele dormia todos os dias comigo. Super carinhoso com todo mundo. Para mim, o mundo acabou”.
Regiane soube do crime no horário de trabalho, na manhã de segunda-feira. Uma colega da igreja ligou para contar sobre a prisão de Luana e avisar que o neto estava no hospital. Ao chegar à unidade de saúde, percebeu que havia acontecido algo mais grave. “Por que fizeram isso com meu filho?”, lamenta, enquanto segura a foto dos dois, tirada em há menos de um ano.
Para Fábio, a ficha só caiu hoje. “Só acreditei quando vi a foto do meu filho naquela pedra do IML, todo machucado. Ele está cheio de hematomas”, diz. O homem afirma que se sente como se a ex-esposa tivesse tirado tudo dele, até porque Henzo era o único que ele “poderia chamar de filho”.
Fábio, a mãe dele e Henzo moraram juntos até que houve uma denúncia, vinda da família de Luana, relativa a maus-tratos contra a criança. A guarda permaneceu com o homem, mas o menino foi levado para morar com a mãe. Ele alega que a mulher teria sumido por um tempo – até o dia do crime.
Crime comove toda a região
O velório de Henzo Gabriel foi na casa da avó Regiane Silva, previsto para ocorrer durante toda a madrugada de ontem. Ela queria se despedir do neto da melhor forma possível. A vizinhança se reveza para dar condolências e lembrar como o menino era amado por todos na região.
Como não há Instituto Médico Legal (IML) em Santo Antônio do Descoberto, o corpo da criança foi primeiro para Formosa (GO), depois para Brasília e por fim poderia chegar à residência onde passou boa parte da vida. A promessa é que uma carreata saia em cortejo do local do velório até o cemitério da cidade, onde o menino deve ser enterrado às 11h.
Na cadeia
O padrasto e a mãe de Henzo passaram por audiência de custódia ontem e devem continuar presos preventivamente. Os dois foram encaminhados a presídios da Região Metropolitana de Brasília – a mulher para a unidade localizada em Santo Antônio, e o homem para Luziânia.
Entenda
Na noite de domingo, o casal se preparava para dormir quando a criança começou a chorar. “Eles tinham o costume de colocá-lo para dormir na sala. O choro podia significar que Henzo queria a mãe, queria ficar junto dos dois”, aponta o delegado responsável pelo caso, Pablo Santos, do Centro Integrado de Operações de Segurança (Ciops).
“Irritado, Wesley pegou a criança e a levou para o quarto. Ali, eles a enrolaram na coberta e depois começaram a chutar, pisar e dar socos. Depois das agressões, a colocaram de volta na sala, para que pudesse dormir. Segundo a mãe, nessa hora o menino estava consciente”, completa o delegado.
Por volta das 5h de segunda, o pai de Wesley – dono da residência – levantou para ir ao banheiro, quando percebeu que o garoto não respirava. “Ele viu que Henzo estava muito quieto. Mexeu, chamou, mas ele não tinha qualquer reação. Aí percebeu que tinha algo errado e chamou o casal para levar a criança ao médico”, relata Santos.
O garoto, então, foi atendido no Hospital Municipal de Santo Antônio do Descoberto. Luana foi a única a ficar, e Wesley retornou para casa. Na unidade de saúde, a equipe médica recebeu o menino já sem os sinais vitais. “Foi entre 5h30 e 6h. O médico de plantão, um clínico geral, viu que ele estava morto e acionou a Polícia Militar, porque tinha sinais de espancamento”, explicou administrador do hospital, Anderson de Lima.

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