Incrédula, a mulher de 48 anos apenas afirmava que a vítima sempre cuidou dele com muito zelo. “Ela o protegia muito. Dia e noite o chamava, falava para não ir para a rua. A vida dela era isso: não fazia nada e ficava cuidando dele o dia todo”, lamentou.
Sobre os remédios que Fernando tomava, ela disse que a família não tinha controle. “Ele nunca me mostrou qual o remédio, não sei nem o nome. Mas dizia que tomava”, ponderou. A família também tinha conhecimento de que ele era usuário de drogas. “Ele usava escondido, dizia que tinha parado. A gente chegou a falar que queria interná-lo, mas ele falava que só ia se fosse amarrado”, revelou.
Naturais de Palmas (TO), a vítima e o filho só podiam contar com a ajuda dessa irmã. “Eu comprava cesta básica, sempre ajudei. Vinha para vê-la, porque nós somos os mais próximos”, afirmou. A expectativa é de que a família leve o corpo de Isabel para a cidade natal.
Ao delegado Pablo Aguiar, da 27ª DP, Fernando confessou ser usuário de maconha e crack. Para atestar os problemas de saúde alegados, ele deve passar por uma perícia psiquiátrica. “Se ficar constatado que ele não tinha condições de discernir o certo e o errado, ele pode ser internado em um hospital psiquiátrico”, contou Aguiar.

Relembre o caso
Em uma pequena casa no Riacho Fundo II moravam mãe e filho, ambos com problemas mentais. Após um surto, Fernando Lino Souza, 33 anos, amordaçou, amarrou e matou a mulher, de 60, com diversos golpes com um cano de ferro. Na residência sobraram as marcas de sangue da vítima, que morreu ali. Horas depois, o filho, usuário de drogas, disse não se lembrar do que fez e que estava arrependido.
“Não tinha o que comer. Minha mãe estava sem dinheiro”, justificou Fernando Lino de Souza em entrevista ao Jornal de Brasília. Ele confirmou que as discussões eram constantes. “Era uma briga danada. Eu sou doente, minha mãe também”, afirmou. “Não lembro quantas vezes bati nela. O ferro, peguei lá em casa mesmo. Estou arrependido”, completou. Isabel Lino de Souza vivia da aposentadoria por também ter distúrbios mentais.
A primeira a saber do crime foi uma vizinha, que preferiu não se identificar. “Por volta das 9h30, ele me chamou. Do quarto do fundo deu para ouvir. Aí ele falou ‘liga para a polícia, eu acabei de matar minha mãe’”, contou, aos prantos. A mulher chegou a entrar na casa, mas quando viu a quantidade de sangue no chão percebeu que não teria o que fazer. “Chamei outra vizinha que é enfermeira”, afirmou.
Tentando entender o que tinha acontecido, ela ainda brigou com Fernando. “Perguntei por que ele tinha feito aquilo. Falei que ele tinha feito uma loucura com a vida dele. Mas ele dizia que não lembrava de nada, que deu branco”, relembrou. “Mas ele gritava para ajudar a mãe e ainda deu mais duas pauladas na cabeça dela. Estava fora de si”, acrescentou.
Ainda de acordo com a vizinha, os dois sempre brigaram. Por isso, ela acredita que o crime poderia ter sido evitado. “Já chamamos a polícia muitas vezes. Ele espancou a mãe três meses atrás. Só que a polícia dizia que não podia fazer nada, que tinha que ter um pedido de intervenção da Justiça. Isabel mesmo, quando vinha polícia, dizia que não tinha acontecido nada, que estava tudo bem”, afirmou.
Assassino não fugiu
A Polícia Militar chegou momentos depois e encontrou a mulher ainda viva, mas amordaçada e com as mãos amarradas. “Ele estava na garagem da casa, eufórico. A roupa estava suja de sangue, e o chão também”, descreveu o sargento Alemar Santana. “Ela foi atingida na cabeça. Estava completamente machucada, mas viva, com espasmos. Chamamos o Corpo de Bombeiros, mas quando chegaram era tarde”, acrescentou. O agressor já tinha passagem por tentativa de homicídio ocorrida em 2012, e cumpria prisão domiciliar. “Ele é conhecido pelo comportamento violento”.
FONTE: JORNAL DE BRASÍLIA
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