Furto de celulares aumenta 60% em apenas um ano no DF

Enquanto dedos se movem freneticamente e olhos estão fixados na tela do celular, o mundo desaparece. Distraídos no universo virtual, transeuntes são alvo de criminosos que visam celulares. Conforme as estatísticas, eles são os objetos queridinhos dos bandidos. Neste ano, em média mais de 20 ocorrências diárias foram registradas nas delegacias do Distrito Federal, um aumento de quase 60% comparado ao ano passado, e o motivo não é secreto: com alto valor agregado, suspeitos conseguem revendê-los facilmente.
Dados da Secretaria de Segurança Pública mostram que o crime de furto de celular, sem uso de violência, aumentou 59,8% neste ano em comparação ao passado. Entre janeiro e outubro, foram registradas 7.185 ocorrências, contra 4.495 no mesmo intervalo de 2016. Ao mesmo tempo, a Polícia Militar recuperou 12 aparelhos por dia em patrulhamento ostensivo.
Nas ruas, as distrações são claras. Pedestres carregam os aparelhos soltos e à mostra nos bolsos, andam entre multidões segurando o objeto de forma negligente, teclando ou segurando-o na altura do ouvido. Muitas vezes, sequer prestam atenção no caminho e esbarram entre si. Os olhos são quase sempre fixos na tela. Para especialistas, eles se tornam vítimas em potencial.
Os smartphones também são alvo fácil em eventos. No mês passado, um homem foi preso com 29 aparelhos furtados em um show da cantora Anitta – 19 estavam presos ao corpo. Em maio, vítimas chegaram a fazer protesto em uma delegacia após furtos em uma série de apresentações de artistas sertanejos. As lojas de telefonia também foram foco constante de criminosos e estamparam manchetes ao longo do ano.
Major Michello Bueno, porta-voz da Polícia Militar do Distrito Federal, diz que celulares representam 70% dos alvos de roubos a pedestres registrados na capital, delito que já levou pelo menos oito mil detidos em flagrante às delegacias e registrou mais de 34 mil ocorrências.
“Os criminosos procuram facilidades, aparelhos à mostra, lugares ermos e escuros. Há quadrilhas especializadas em arrastões em paradas de ônibus, dentro dos coletivos e em eventos”, conta. Neste ano, foram mais de 2,5 mil ocorrências em transporte coletivo e mais de 11 mil furtos em veículos – em quase todos, suspeitos levaram smartphones.
De acordo com ele, o crime é fomentado pela revenda dos aparelhos. “Se uma pessoa for abordada pela PM com celular roubado, mesmo que tenha comprado de maneira que ela ache correta, será presa por receptação. Além de cometer um crime, alimenta o ciclo de roubos que podem acontecer com você, sua família, pessoas próximas, e inclusive com uso de violência”, esclarece. Até ontem não estavam disponíveis os dados de receptação nas ocorrências criminais.
População em risco
Com mãos e olhos voltados para o celular, Leandro Sousa, frentista de 32 anos, não percebeu a aproximação da reportagem e foi surpreendido na Rodoviária do Plano Piloto. Ele se sentia seguro, garantiu, pela luz do sol matutino e a movimentação relativamente intensa no terminal. “Acho que há mais riscos à noite”, acredita.
“Roubos de celulares passaram a ser comuns. É um objeto muito visado porque os criminosos sabem que todo mundo tem. E eles passam para frente”, pensa Viviane da Silva, estudante de 17 anos. Ela admite que sempre anda com o aparelho em mãos, mas argumenta que presta atenção ao redor. Isso não foi o suficiente para que ela fosse assaltada mais de uma vez: “Perdi as contas”.
Analista de teste de 43 anos, Divina Oliveira teve de pagar as últimas parcelas do telefone que já não tinha mais, mas agora anda com um aparelho barato no bolso. “Nem o bandido vai querer”, brinca.
Já Joyce Castro, 23, esconde o smartphone sob a camiseta e faz questão de deixá-lo em casa quando vai a grandes eventos. “O celular é alvo fácil porque há quem compre, ainda que os produtos sejam suspeitos. A culpa também é de quem recepta”, opina.
VERSÃO OFICIAL
Em nota, a SSP reforça que, em muitos casos, os furtos são situações de oportunidade e a orientação é se precaver, não deixando o celular à mostra ou no bolso de trás da calça, e a atenção deve ser redobrada em ocasiões de aglomeração de pessoas, como shows e transporte público. “Caso a vítima tenha o celular furtado ou roubado, é importante que a ocorrência seja registrada na delegacia mais próxima. É por meio das ocorrências que a SSP-DF elabora um estudo que indica dias, horários e locais de maior incidência dos crimes e, com isso, orienta o trabalho da Polícia Militar, no policiamento ostensivo, e da Polícia Civil, na desarticulação de quadrilhas especializadas e receptadores dos aparelhos”, avisa.

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