A brasiliense que deu a Samambaia o seu único teatro


A atriz Marília Abreu não é paraibana, mas é mulher-macho, sim senhor. Com ela não tem dois tempos, como se diz lá no Nordeste, “escreveu e não leu, o pau comeu”. A fama de braba é uma máscara para afugentar os cabras bestas. Por trás da verve decidida, esconde-se a doce e apaixonada que sonha em encantar os outros por meio da arte.
Ser mulher é difícil. Nem sempre a delicadeza funciona. Aí, você tem que chegar metendo os peitos para as coisas funcionarem"
Marília Abreu
Foi assim quando chegou de mala e cuia para morar em Samambaia em 2008. Nascida e criada na Asa Norte, migrou para a cidade criada em 1988 e deparou-se com uma realidade que em nada lhe agradava. Por lá, não havia nenhum espaço cultural público. Ah, Marília não gostou nada dessa ideia de viver num local sem teatro e cinema.
O pensamento era simples. Se o governo não faz, nós concretizamos. E foi assim que, em 2011, ela e um grupo de artistas do coletivo Roupa de Ensaios abriram as portas do Espaço Imaginário, no local alugado na QS 408.
Todo artista que faz teatro quer um espaço para chamar de seu. E Espaço Imaginário veio nesse desejo. Mas não foi fácil mantê-lo. As despesas eram altas. Estávamos ameaçados de fechamento"
Marília Abreu
Foi aí que Marília Abreu teve a ideia de procurar a Administração Regional para falar de um local abandonado na QR 103, que, no passado, servia para distribuir pão e leite aos carentes.
Houve uma sensibilidade para a cessão de espaço, que nos foi dada até 2019, com direito a vigilância 24 horas e limpeza. Quando chegamos, era tudo terra"
Marília Abreu

elo palco de O Imaginário, passaram espetáculos da França e de Cuba, do Festival Internacional de Bonecos. Marília respira aliviada com o bom momento do teatro, administrado em parceria com os artistas Alan Mariano e Tássia Aguiar. Mas não sossega enquanto o GDF não entregar o prometido Centro Cultural, cujas obras estão levantando poeira vermelha do outro lado da rua.
Eu e uma comunidade de artistas lutamos para a criação desse espaço. Sou conselheira de cultura da cidade e a promessa é que seja entregue ainda este ano"
Marília Abreu
No sonhado primeiro espaço público, haverá uma sala em homenagem à atriz e diretora Verônica Moreno, morta no final do ano passado. Foi Marília que pediu diretamente ao governador Rodrigo Rollemberg que batizasse o espaço com a artista que sempre esteve à frente da encenação da Paixão do Cristo Negro. Inquieta, Marília Abreu vê seus passos serem seguidos pelas pernas de pau da filha Maria Clara, palhaça, circense e quadrilheira.
Fonte: Metropoles

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