Samambaia tem atraído investidores no setor imobiliário e consumidores


Antes de se tornar uma região administrativa do Distrito Federal, Samambaia fazia parte do Núcleo Rural de Taguatinga. A emancipação só ocorreu em 1989. Hoje, tem aspecto de cidade grande, com prédios, comércios e estações de metrô. O número de apartamentos passou de 1.803, em 2004, para 6.658, em 2015, segundo a Pesquisa Distrital por Amostra de Domicílios (Pdad). O crescimento populacional reforça a mudança que o horizonte cheio de edifícios anuncia. O número de habitantes cresceu sete vezes no mesmo período, passou de 32.129 para 254.439, em 2015.


Aqueles que desejam investir, encontram o segundo metro quadrado mais barato do Distrito Federal, ficando atrás apenas de Santa Maria, segundo o Índice de Velocidade de Vendas (IVV), calculado pelo Sindicato da Indústria da Construção Civil (Sinduscon-DF). A proximidade com o Plano Piloto e a acessibilidade proporcionada pelo metrô são os atrativos para os novos moradores.


Além disso, aqueles que procuram lazer, não precisam se deslocar até a região central de Brasília. As ruas comerciais são recheadas de bares e restaurantes. Parques, praças e um grande espaço verde também estão à disposição da população. A migração de pessoas para apartamentos, até mesmo de luxo, ocorre a todo momento. Quem entra na região administrativa, se depara com o que promete ser uma nova Águas Claras.

“A cidade tem uma configuração urbana muito interessante”, destaca Paulo Muniz, presidente da Associação de Empresas do Mercado Imobiliário do Distrito Federal (Ademi-DF). “É possível realizar grandes empreendimentos. Temos metrô, prédios e grande área verde ao redor”, afirma. Muniz explica que o baixo preço para construir é um dos maiores atrativos. “As pessoas preferem morar aqui pelo fácil acesso ao Plano Piloto. Além disso, existem faculdades, escolas e hospitais particulares e públicos”, acrescenta.

Mesmo com a crise econômica, a região administrativa conta com 1,3 mil imóveis. Para o presidente da Ademi-DF, ainda há espaço para expansão no setor. Os investidores precisam restabelecer a confiança na economia para impulsionar ainda mais esse crescimento. “Ainda estamos abaixo da média. Há imóveis novos, em construção e prontos disponíveis. No entanto, para uma região administrativa do tamanho de Samambaia, o ideal seria mais imóveis e uma procura maior”, pondera.


Crescimento visível

“O crescimento de Brasília e das regiões administrativas é visível. Samambaia é um exemplo muito evidente. O volume de imóveis, prédios e comércios está cada vez mais alto”, ressalta Adelmir Santana, presidente da Federação do Comércio de Bens, Serviços e Turismo do DF (Fercomercio-DF). De acordo com ele, a expectativa é de que a cidade continue se desenvolvendo nos próximos anos. Adelmir também afirma que os empreendedores devem investir na região. “Quem pensar em Samambaia terá um retorno. A expectativa é de que o cenário econômico nacional comece a melhorar nos próximos meses. Com isso, teremos aumento da renda e, consequentemente, do consumo”, explica.

O empresário Paulo Lima Atos, 44 anos, percebeu o potencial da cidade. Ao lado do sócio, Dinei Oliveira, assumiu, há 6 meses, o pub Saloon Red Rock Alternativo, na QI 616. Na avaliação dele, apesar de Samambaia ser uma região rica culturalmente, há poucos locais para escoar essa produção, portanto é um mercado a ser explorado. “Ainda temos poucos espaços de lazer. Não temos cinema nem shopping, por exemplo”, diz. Paulo, que participa do Conselho de Cultura da cidade, é organizador do festival de música Samamba Rock. “Pub era uma palavra que ouvíamos falar muito para o lado do Plano Piloto ou de Taguatinga. Hoje, você vê pubs em cidades tidas como periféricas.”

Para Antônia Francisca de Lima, 51 anos, conhecida como Toínha, a população só tem a ganhar com o aparecimento de estabelecimentos de lazer e de cultura. “Para o morador, ter que sair de Samambaia para se divertir é bem complicado. As pessoas ficam preocupadas em sair e não poder beber”, relata. Ela, que é proprietária, com o filho, do Toínha Rock Pub, localizado na QN 208, acredita que ter opções próximas ao local onde mora diminui muito o custo com locomoção, um incentivo para o comércio local. Aberto há oito anos, o pub está cada vez mais cheio, beirando a capacidade máxima nos dias mais movimentados.

As características da cidade também não passam despercebidas pela população. Cleiton de Farias, 40 anos, percebe a proliferação de prédios nas áreas próximas às estações do Metrô. “Por conta do acesso ao transporte, muita gente tem optado por vir para cá”, conta o morador. Segundo ele, o medo de assaltos e roubos tem levado muitos a considerarem a alternativa dos apartamentos, por sentirem que esse tipo de moradia concede maior segurança. Dessa forma, contribuem para a verticalização da cidade. “Muitos chegam a custar o mesmo que um apartamento em Águas Claras”, observa.

Cleiton, destaca, no entanto, os efeitos negativos do crescimento da cidade. “Hoje, o trânsito está bem pior. Antes, não tínhamos congestionamento, como temos agora”, relata. Para ele, as mudanças não foram acompanhadas de melhorias estruturais. “Faltam padarias, alguns bancos e lugares para lazer”, reclama.
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