Ter um animal de estimação pode parecer uma ótima ideia, mas é necessário se planejar financeiramente para os gastos que isso traz. Manter um bichinho implica custos fixos que vão fazer parte do orçamento por anos, como alimentação, vacinas, banhos e tosas, além de situações pontuais como consultas com médicos veterinários e medicamentos.
Uma pesquisa realizada pelo Serviço de Proteção ao Crédito (SPC) mostra que 61% dos internautas brasileiros entrevistados veem seus pets como um membro da família. A economista-chefe do SPC Brasil, Marcela Kawauti, explica que muitos donos gastam demais com os pets porque humanizam tanto os bichinhos que fazem muito mais do que eles realmente precisam. “É preciso tomar cuidado para agir com a razão e não com o coração. Vale pensar: será que ele necessita mesmo disso ou estou fazendo ou comprando porque deduzi que ele quer?”, aconselha. Ela lembra que é importante considerar que são animais e exigem cuidados diferentes dos dados ao ser humano.
Enquanto o estudo do SPC Brasil aponta uma variação de gasto mensal médio entre R$ 189 e R$ 224 para cuidar do bem-estar desses companheiros, de acordo Associação Brasileira da Indústria de Produtos para Animais de Estimação (Abinpet), o tutor gasta, em média, R$ 216,50 por mês para manter um cão de porte pequeno e R$ 411,32 para porte grande. Já com felinos, as despesas chegam a R$ 121.
Planejamento
É possível proporcionar uma boa qualidade de vida para os animais domésticos sem prejudicar o orçamento. Antes de decidir incluir um animal na família, é preciso pesquisar e se planejar financeiramente. O educador financeiro e diretor do Instituto Eu Defino, Alexandre Fragoso Arci, compara os gastos com pets, no mundo moderno, com o dos filhos. Por isso, classifica como importante uma programação financeira prévia. “Ter isso dentro do orçamento doméstico permite que os consumidores busquem alternativas para pagar menos, principalmente em momentos de crise”, afirma.
O advogado Victor Minervino Quintiere, 25, adotou um gato há uma semana. Ele conta que sempre conversou com sua esposa, Priscila Bittencourt de Carvalho Quintiere, sobre terem um animal mas que o assunto sempre implicava muitas questões de mudanças na rotina. Até agora, eles já gastaram mais de R$ 200 só em compra da tigela de alimentação, a ração, a caixa e o pacote de areia, cama e a preparação do ambiente. “Temos o costume de organizar uma planilha e incluímos ele. Então, fizemos uma projeção de qual vai ser o gasto mensal, fixo, e adicionamos eventuais emergências”, esclarece.
A diretora geral da Associação de Proteção Animal do DF (Proanima), Suzana Coelho, destaca alguns aspectos com os quais os tutores podem economizar na criação do pet. O primeiro deles é pensar na adoção em vez da compra. “Além de não ter nenhum gasto financeiro, a família praticará a compaixão ao adotar um animalzinho”, diz. Ela destaca que se for feita em grupos de proteção animal, que se preocupam em doar pets vacinados e castrados, também não haverá gastos, em um primeiro momento, com a imunização do animal.
A pesquisa do SPC Brasil mostra que 52% dos entrevistados diz só alimentar seus animais com rações da linha premium, mais adequadas para o porte e raça de seus pets. Para Suzana, uma alternativa mais econômica é o uso de alimentação natural, feita em casa, especialmente para cães e gatos. No caso da compra de ração, ela recomenda que os donos comprem em grandes quantidades pois o preço por quilo fica mais barato.
Outra medida válida é pesquisar as diferentes marcas de ração e os vários estabelecimentos que as oferecem. Pelo levantamento do Correio, os valores podem variar em mais de R$ 180. A diferença de preços das consultas chega a quase R$ 100. A fisioterapeuta Juliana Teodora de Oliveira, 25, tem dois cachorros de porte grande e peludos, da raça samoieda. Ela conta que, nos últimos meses, após o nascimento do segundo cachorro, ela trocou a marca de ração, da premium, mais adequada ao pelo da raça, para uma mais barata. O custo caiu de R$ 240 para R$ 180. Outra medida para economizar foi reduzir os banhos na petshop. “Antes era uma vez por mês e agora já tem quatro meses que damos banho em casa mesmo”, afirma. Para sustentar os dois cachorros, Juliana desembolsou cerca de
R$ 630 no último mês.
Prevenção
Outro fator que demanda grande investimento para quem escolhe ter um animal de estimação são os custos veterinários. A veterinária Eliane Silva da Cruz, dona da petshop Bichos e Caprichos, explica que a chave para evitar gastos muito altos com processos veterinários é a prevenção. Segundo ela, consultas rotineiras que evitam doenças são mais baratas do que procedimentos de emergência. “É importante que haja a conscientização responsável de quem possui animais. É essencial fazer a imunização inicial e continuar os reforços anuais”, ressalta.
Normalmente, hospitais-escolas de faculdades de veterinária atendem animais da comunidade por um preço menor do que os estabelecimentos particulares. Outra possibilidade é o plano de saúde para animais domésticos. Segundo o CEO do plano DogLife, Antônio Augusto Starling de Braga, os produtos são parecidos com os planos de saúde humano. A cobertura dos procedimentos pode variar de acordo com o porte e a idade do animal.
Antônio Augusto afirma que, ao adquirir o plano mais básico, de R$ 45 mensais, o dono de um cão ou gato pode economizar cerca de 60% em um ano com gastos referentes a procedimentos veterinários, sem contar situações emergenciais. Além disso, há outros benefícios para quem utiliza os serviços, como descontos de 15% e 20%, em redes de petshops parceiras, em banhos e tosas, na compra de ração, brinquedos e outros produtos. Para o empresário, a grande vantagem está na prevenção. “Com o plano é possível evitar imprevistos. As pessoas não têm o costume de levar para check ups regulares e com procedimentos rotineiros a prevenção é muito mais eficaz”, argumenta.
Marcela, do SPC Brasil, lembra que, por ser um modelo de negócio novo e ainda não regulado, é preciso pesquisar bastante a respeito das empresas que oferecem planos de saúde para animais. “O consumidor tem que entender o que vai ser coberto para não ter surpresas em momentos difíceis. Além disso, precisa caber no orçamento”, recomenda. A economista orienta que, mesmo com a aquisição do convênio, é indispensável manter uma reserva extra.
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