Ao compartilhar em seu portal informações sigilosas para os deputados federais analisarem a segunda denúncia da Procuradoria-Geral da República (PGR) contra o presidente da República, a Câmara dos Deputados acabou divulgando o número do celular pessoal de Michel Temer. O registro estava em um aparelho do ex-ministro da Secretaria de Governo da Presidência, Geddel Vieira Lima, apreendido pela Polícia Federal. A reportagem do jornal O Globo ligou para o celular nesta tarde e foi atendida por Temer.
Segundo a matéria, primeiro o repórter questionou se o celular era do Palácio do Planalto. O presidente disfarçou e disse que não. Depois, o jornalista informou que o número estava na agenda de Geddel como sendo do presidente da República. Temer pediu:
— Liga aqui para o gabinete do presidente e fala com a dona Nara (de Deus, chefe de gabinete de Temer).
— Eu estou falando com o presidente, não estou? — questionou o repórter.
— Está, perfeitamente — respondeu Temer.
O presidente afirmou não ver problema em seu número de celular pessoal estar disponível no site da Câmara, junto com o material relacionado à segunda denúncia da PGR. Os documentos das investigações foram compartilhados com a Comissão de Constituição e Justiça (CCJ) da Casa, que fará a primeira análise em relação à denúncia nesta terça (17).
— Se você ligar para… quem… Se você ligar para qualquer ministro ou qualquer ex-ministro, ou qualquer deputado, vai encontrar esse número também. Acho que centenas de pessoas têm esse número. (…) Aliás, uma das críticas que eu recebo é de atender o meu celular — disse o presidente.
CriseDepois, o repórter questionou o presidente sobre a carta enviada aos deputados federais nesta segunda-feira, em que critica a segunda denúncia da PGR contra ele, por organização criminosa e obstrução de Justiça. Após a resposta, a ligação foi encerrada.
A reportagem lembra que a divulgação dos vídeos da delação de Lúcio Funaro no site da Câmara já abriu uma crise entre o presidente da Casa, Rodrigo Maia (DEM-RJ), e o advogado de Temer, Eduardo Carnelós. Após Carnelós divulgar nota em que manteve críticas à divulgação dos vídeos, Maia disse que a nota não elimina o erro por completo. Ele afirmou que os servidores da Casa devem processar Carnelós. E chamou o advogado de “incompetente” e “irresponsável”. O advogado afirmou que não sabia que os vídeos haviam sido publicados no site da Câmara.
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