“Não faça isso.” Essas teriam sido as últimas palavras de Ana Íris dos Santos, 12 anos, morta perto de casa, em Samambaia. O principal suspeito é o primo dela, de 16 anos, que, segundo a Polícia Civil, confessou o assassinato. No dia em que moradores encontraram o corpo da vítima, na terça-feira, o adolescente chegou a ser atacado com um golpe de facão na cabeça por vizinhos. Internado no Hospital Regional de Taguatinga (HRT), o garoto confirmou o homicídio, mas não forneceu detalhes sobre o motivo. Para a Divisão de Repressão a Sequestros (DRS), o crime pode ter relação com abuso sexual.
O jovem figurou como suspeito na semana do desaparecimento. Naquele período, ele chegou a prestar depoimento na DRS, mas entrou em contradição ao narrar a rotina no dia do sumiço de Ana Íris, em 10 de setembro. A peça-chave do quebra-cabeça foi o depoimento de um carroceiro de 18 anos. Ele contou que, por volta das 5h de 12 de setembro, subiu até o Morro do Sabão, na expansão de Samambaia Norte, local onde o corpo da vítima foi encontrado, para procurar pelo cavalo que havia fugido do curral.
Segundo o delegado-chefe da DRS, Leandro Ritt, o carroceiro avistou o rapaz na região. Ele ainda chegou a perguntar se o adolescente tinha visto o animal, mas o primo da vítima não respondeu e saiu apressado. “No dia seguinte, quando o carroceiro viu os cartazes de desaparecimento da menina, associou ao adolescente. Nesse meio tempo, ele ficou na comunidade, mas estava acuado e com medo”, explicou o investigador.
O policial contou que, durante a confissão no hospital, o adolescente omitiu as principais questões. Segundo Leandro, ele teria dito apenas que, no morro, “algo aconteceu e decidiu matá-la”. “Inicialmente, as pessoas tendem a negar o abuso para não sofrer no sistema (socioeducativo), mas, a princípio, ele a atraiu, a estuprou e a matou. Ao longo das investigações, com as provas sendo apresentadas, acreditamos que ele vai revelar os fatos”, ressaltou o delegado. Ele alertou, no entanto, que o exame de corpo de delito pode não identificar os supostos abusos em razão do estado avançado de decomposição do corpo.
O chefe da DRS acredita que Ana Íris pode ter sido morta no mesmo dia em que desapareceu. “Apesar de algumas testemunhas falarem que a viram em 11 de setembro, quando a gente vai a fundo, percebe que as pessoas confundem as datas”, afirmou.
O corpo da menina foi encontrado a 150m de onde o adolescente morava. Quando soube que a encontraram, escondeu-se embaixo da cama de uma das casas da rua. Revoltados, os moradores se voltaram contra ele. Dois jovens de 18 anos, incluindo o carroceiro, foram autuados em flagrante por tentativa de assassinato, assim como um adolescente de 15 anos que pode responder por ato análogo a tentativa de homicídio.
Família
O delegado comparou o caso ao assassinato de Beatriz Silva do Nascimento, 9 anos, morta ao ser atraída por um homem que prometeu balas, presentes e chocolates. O crime ocorreu em 25 de dezembro de 2011. A vítima foi violentada e assassinada. Agora, a Delegacia da Criança e do Adolescente (DCA) pedirá a internação provisória do suspeito até a Vara da Infância e da Juventude (VIJ) decidir o destino dele. O adolescente pode responder pelo crime análogo a homicídio e ficar até 3 anos no sistema socioeducativo. Tia da vítima, Cleonice dos Santos, 25, disse que a família vai acreditar no que a polícia averiguar. “Não há nada de concreto até agora. Pode ser que eles estejam certos, pode ser que não”, limitou-se a dizer.
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