Com apenas quatro dias de vida, um bebê de cinco meses teve a bexiga retirada por engano em um hospital na Asa Norte. A recém-nascida tinha um cisto no ovário, que foi descoberto quando a mãe, Nathália Evelyn, de 21 anos, ainda estava grávida. Por conta do erro, Ana Lípia terá que usar uma sonda para o resto da vida.
No dia que sua bolsa estourou, Nathália levou ao hospital todos os exames que comprovavam o cisto no ovário da bebê. Mas, após o nascimento, os médicos realizaram novos exames e informaram que se tratava de um cisto abdominal. “Eu levei os exames e falei que era cisto ovariano. Eles fizeram exame com contraste e, mesmo assim, deram o diagnóstico errado. Como, na minha barriga, conseguiram identificar o cisto no ovário, e com ela fora da barriga erraram o diagnóstico?”, questiona.
Os médicos só descobriram o erro dois dias após a cirurgia, pois a garotinha estava retendo líquido e não conseguia urinar. “Após a primeira cirurgia, o médico acreditava que tinha retirado o cisto. Mas, eu senti algo diferente, coisa de mãe, que me falava algo tinha dado errado. Aí, no terceiro dia, descobriram que ela não estava urinando. Ela estava inchada, em tempo do rim parar. Eles fizeram novas ecografias e perceberam que tinham tirado a bexiga e que o cisto ainda estava lá”, detalha Nathália. O cisto foi retirado somente numa segunda cirurgia.
Cirurgias
Em um período de 18 dias, a pequena passou por quatro procedimentos cirúrgicos, sendo que três foram em consequência do erro do médico. Além da invasão, Ana Lípia precisou fazer transfusão de sangue em decorrência de uma anemia e teve outros sintomas físicos: febre, taquicardia, vômitos e ainda apresentou pedra na vesícula, por conta da quantidade de antibióticos que tomou.
“Foi uma série de erros. Três médicos deram o diagnóstico errado. O médico que operou foi um quarto profissional. Ele assumiu o erro, e eu tenho testemunhas disso. Me pediu desculpa e disse que não foi por querer. Ele é experiente, tem 28 anos de profissão. O problema foi a autoconfiança e a vontade de fazer a cirurgia logo para lucrar com o plano de saúde”, critica Nathália.
Agora, Ana Lípia está com uma sonda para que a urina possa sair. E os gastos com a pequena são altos: podem chegar a até R$ 2,5 mil por mês. “Tem o acompanhamento médico, exames de rotina, ecografia, consultas. Ela usa fraldas mais que um bebê normal”, conta a mãe. Aos cinco anos, a criança passará por um novo procedimento: vão pegar uma parte do intestino grosso e vão reconstituir a bexiga para o armazenamento da urina.
Nathália alega ainda que o hospital não prestou o apoio necessário. “Ninguém fez nada por conta própria. Na UTI, me revoltei para que tivesse bons médicos atendendo minha filha. Depois que saímos do hospital, eles não me ligaram para saber como estava minha filha. Só me procuraram agora, depois que coloquei tudo no Facebook”.
Diante de tantas dificuldades, Nathália conta que a fé foi quem a fez seguir em frente. “Coloquei todas as minhas forças em Deus. Comecei a pedir as coisas e estipular datas para que ela melhorasse e tudo foi acontecendo”, relata.
VERSÃO OFICIAL
Em nota, o Hospital Santa Helena informou que sempre esteve em contato com a família de Ana Lípia e que prestou todo o atendimento necessário à paciente. “Após a análise interna, a Diretoria encaminhou o caso para avaliação nas instâncias competentes, conforme a legislação vigente”, afirma a unidade de saúde.
“Desde a alta da paciente, o Santa Helena acompanha o caso por meio do médico assistente e permaneceu à disposição de todos para qualquer necessidade. Recentemente, o Hospital manteve contato com a família para prestar eventual assistência necessária”.
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