Duas pesquisas de intenções de voto para a Presidência foram publicadas entre ontem (19) e hoje (20). Ambos os levantamentos (CNT/MDA e Poder360) detectaram um crescimento de Jair Bolsonaro (PSC), com entre 18,4% e 26% das intenções de voto se consolidando como segundo candidato, longe dos outros três: Ciro Gomes (PDT, entre 4,6% e 6%), Marina Silva (Rede, entre 6% e 13%) e um tucano, Alckmin (5% a 8,7%), Doria (8% a 10%) ou Aécio (3,2%).
Em ambos os levantamentos Lula aparece em primeiro, com entre 27% a 32% das intenções, apesar de em 6 de setembro, o ex-ministro petista Antonio Palocci ter dado depoimento a Sérgio Moro dizendo que Lula recebeu propinas da Odebrecht. As pesquisas foram feitas entre os dias 13 e 17 de setembro.
A coluna conversou com Murilo Hidalgo, especialista em pesquisas eleitorais, diretor do Instituto Paraná Pesquisas, para tentar entender os motivos do fenômeno Bolsonaro e também sobre outras questões do cenário eleitoral que se desenha para 2018.
O que explica o fenômeno Bolsonaro?
Bolsonaro hoje está livre, limpo, não tem acusações contra ele e nem a aliados. Ele não tem 'amigos sujos'. Pode falar o que quiser e se comunica muito bem. Lula tem essa dificuldade e os tucanos têm dificuldades pelas 'amizades'. Bolsonaro é polêmico, o que também leva à rejeição e pode tirar votos, é desnecessário. As últimas pesquisas mostram que se a eleição fosse em 7 de outubro deste ano iriam para o segundo turno Lula e Bolsnaro. O crescimento de Bolsonaro não deve ser desconsiderado ou minimizado. Ele não é um mero parcipante, é um competidor. Entra para ganhar.
Porque Lula não teve uma queda maior após a delação de Palocci?
O Lula está estabilizado, com tendência para baixo, perdendo sangue, em uma 'hemorragia não identificada'. Aliás o único estabilizado e crescendo é o Bolsonaro. Quem tem algum desgaste [os demais] também está estabilizado com tendência de queda. Lula tem um quarto do eleitor com ele, que nem chamaria de petistas, são Lulistas mesmo. Isso não muda muito. Ele tem dificuldade de crescer e de cair. Mas com um quarto não se ganha eleição. Mas ele tem uma vantagem. Ele não tem um adversário no campo dele. Não tem ninguém de esquerda forte. Do outro lado, centro/direita, tem vários, dividindo o voto: Bolsonaro, Marina, e outros nomes como Henrique Meirelles. Eles dividem o mesmo voto anti-PT. Até a Marina que nas últimas eleitções virou anti-PT ao se aliar com Eduardo Campos e depois apoiando Aécio.
Do lado dos tucanos, quem tem mais potencial, Alckmin ou Doria?
Doria tem um pouco mais de intenção de voto e é menos conhecido, o que dá mais potencial para crescer e menos rejeição.
Corremos o risco de repetir o cenário das eleições 89, com muitos candidatos com chances?
Se a eleição for sem o Lula com certeza. Com Lula será igual às últimas, tende a polarizar. Em 2018, tende a polarizar entre Lulae Bolsonaro, com grande disputa pelo segundo lugar [para chegar ao segundo turno]. Sem Lula há ainda a tendência de uma divisão na esquerda, já que tem o Ciro e possivelmente o Haddad.
Os não políticos, como Luciano Huck, Joaquim Barbosa, terão chance em 2018?
Há muito espaço para o novo. As pesquisas mostram claramente que as pessoas procuram o novo, mas os partidos não vão permitir. Os grandes partidos não buscam pelo novo. Ou não se percebe isso. Mas eu queria dizer o seguinte: a politica é uma coisa sería. Cada um no seu quadrado. Não é porque o Luciano Huck que é um bom apresentador que vai ser um bom político. Ou o Bernardinho do volêi. Isso precisa ficar claro. Um exemplo: eu sou ótimo em pesquisas, mas não dá para me colocar para apresentar programa, ou treinar um time de vôlei.
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