Drogas explodem entre jovens com deficiência intelectual

eidy (nome fictício) se envolveu com as drogas aos 13 anos. A soma de um ambiente propício e a deficiência intelectual resultou em uma combinação explosiva. A adolescente, que aos 14 engravidou de um dos homens aos quais oferecia programas para sustentar o vício, é um dos casos que, segundo a Associação de Pais e Amigos dos Excepcionais DF (Apae-DF), ocorrem com mais frequência nos últimos seis ou sete anos. Jovens com deficiência intelectual estão em contato cada vez mais frequente com entorpecentes. A facilidade de obter drogas, a falta de estrutura social e familiar e a rápida indução desses adolescentes ao uso são alguns dos principais fatores que levam ao problema.
Envolvimento
“A inclusão social é uma vitória para a pessoa com deficiência. Porém, ela é uma das causas para o aumento do uso de drogas. Os deficientes têm mais contato com os problemas de todos os jovens, e um deles é o vício”, explica a coordenadora-geral pedagógica da Apae-DF, Cecília Alecrim. Isso acontece justamente pela facilidade de influenciá-los. As vítimas são, em especial, de baixa renda, pois o acompanhamento diminui e há mais liberdade.
A grande reclamação é que o não existiria apoio do governo para esses casos. A maioria das casas de recuperação não aceita os jovens sob a alegação de que não saberiam tratar de uma pessoa com deficiência. Para completar, não existiria suporte governamental.
“É uma aflição, pois vemos todos os passos do problema, desde o início do envolvimento. A gente tenta resgatar a família, que, em geral, se encontra em momento difícil. A nossa briga é para que as pessoas abram os olhos para o que está ocorrendo com esses deficientes. O que será dessas pessoas? Precisaria de mais políticas públicas para abranger essa parcela da população”, alerta a assistente social Sheila Pereira Oliveira.
Vício levou a furto e à prisão na Papuda
Wagner (nome fictício) tem 20 anos e está preso na Papuda por furto desde agosto do ano passado. O jovem é deficiente intelectual e começou o uso de drogas aos 14 anos. Renata (nome fictício), a mãe, chora ao lembrar que um vizinho da família, quando moravam em Santa Maria, ofereceu a primeira porção ao menino. Ele utilizava, ao mesmo tempo, os entorpecentes e remédios controlados para amenizar os problemas da deficiência.
Renata visitou o filho na quinta- feira passada e diz que ele está bem. Agora, não usa mais drogas e até participa de encontros religiosos no presídio. Para a mãe, que já enfrentou traficantes para resgatar o filho na boca de fumo, é difícil vê-lo na situação em que está, mas entende que ele não está pronto para voltar à rua.
“Em nenhum momento tratei meu filho diferente dos outros. Só tive mais cuidado com ele por ser deficiente. As pessoas tinham muito preconceito. Quando foi preso, eu me perguntei onde errei. Mas, com o tempo, percebi que a gente que é pai ensina, e o mundo ensina outra coisa”, diz a mãe de Wagner, filho mais velho de quatro.
Apoio
Para ela, o apoio encontrado na Apae-DF foi muito importante, pois tentou até internar o menino. Porém, em geral, não aceitam menores de idade em casas de recuperação. Renata espera ter o filho de volta ao lar logo e afirma que nunca o abandonou. Ela sustenta que os pais não podem abandonar os filhos que apresentam esses problemas. A deficiência os deixa mais suscetíveis, mas com amor e carinho é possível vencer. “Nunca vou desistir. Sempre vou lutar”.
Quando adolescente, Wagner era velocista. Chegou a competir em eventos nacionais, mas o uso de drogas o fez perder as competições. Renata acredita que ele vai retomar tudo isso e muito mais. “Se colocá-lo para fazer o bem, ele faz”, reconhece.
fonte: Jornal de Brasília

About CRIATIVO PUBLICIDADE

0 comentários:

Postar um comentário