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Bombeiro salva idoso em tentativa de suicídio e causa comoção em Samambaia

Ao agarrar com a mão direita as pernas do homem de 69 anos, o sargento Chrisóstomo ouviu sua respiração fraca e um choro de agonia. Com a mão esquerda, o bombeiro alcançou a corda no pescoço do idoso e o livrou do enforcamento. Chovia e o militar se equilibrava no teto de um ônibus, mas ele conseguiu resgatar a vítima e deitá-la sobre a carcaça de metal.
Luciano Chrisóstomo Cardoso, de 42 anos, há 22 no Corpo de Bombeiros, não gosta de ser chamado de herói. Para ele, o que fez na manhã do último sábado, na passarela da DF-001, próximo ao balão de Samambaia, foi fruto de preparo. “Qualquer bombeiro que passasse por ali poderia ter feito o mesmo. O que contou foi meu treinamento”, afirma.
Sua modéstia, no entanto, mascara o drama pessoal que o próprio bombeiro vive. Ele está há cerca de um mês afastado da corporação para se tratar de depressão, mesma doença que levou o idoso de 69 anos, morador do Riacho Fundo, a amarrar uma corda no pescoço e se jogar da plataforma. “Eu me coloquei no lugar dele. Depois que o tirei de lá a gente conversou bastante. Ele tem quatro filhos e está com dificuldades em casa e problemas financeiros”, conta o sargento Chris, pai de seis filhos.
Segundo o bombeiro, os dois conversaram por alguns minutos sobre a vida e sobre pelo que valia a pena viver. Chris encontra razão nos seus filhos e no seu amor pela profissão. “Eu falei para ele que não era o momento de desespero. Falei que o suicídio é um pecado sem perdão”, recorda-se.
Dinâmica
Conforme o militar, morador de Ceilândia, ele estava com os filhos no carro, pois pretendia levá-los ao clube. Chris pegou a DF-001 para buscar uma amiga no caminho e, por volta das 9h20, avistou uma correria na passarela de pedestres.
“Então, o homem se jogou com a corda no pescoço. Eu parei o carro no acostamento e percebi que vinha um ônibus atrás. Entrei na pista e pedi para ele parar”, conta o sargento Chris. A partir daí, ele teria contado com a ajuda dos passageiros do coletivo para chegar ao teto e alcançar o corpo do idoso, que já fazia o movimento de pêndulo.
“Quando eu o desci, ele reclamou de muita dor no pescoço, mas estava bem”, recorda-se, aliviado, o bombeiro. Depois do incidente, ele disse ter tido uma ótima noite de sono, com a sensação de dever cumprido. Diante de sua doença, ter salvado o idoso pode ter significado salvar a si próprio.
Conforme o sargento Chris, ele já lidou com outros dois casos de suicídio, mas nenhum terminou bem.
O militar afirma ter entrado em depressão após a morte do irmão caçula, há três meses, vítima de uma infecção.
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